Variação e atitudes linguísticas na realização de fricativas no falar de Fortaleza - Ce

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Rodrigues, Ana Germana Pontes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=83190
Resumo: <div style="">Com base na Sociolinguística Variacionista (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006; LABOV, 2008) e nos estudos sobre atitudes linguísticas, como os de Lippmann (2010), Lambert (1960), Labov (2008), entre outros, essa pesquisa aborda, a respeito do português falado em Fortaleza-CE, a realização variável da fricativa pós-alveolar vozeada /gê/, em ataque silábico, e da fricativa labiodental vozeada /z/, em ataque e coda silábicos, como em: “jᔠ~ [h]á”, “mesmo” ~ “me[h]mo”, “desde” ~ de[h]de”. Os objetivos desta pesquisa são: descrever e analisar linguisticamente essa produção variável no português culto falado na cidade de Fortaleza-CE, a partir de inquéritos do projeto Português Oral Culto de Fortaleza (PORCUFORT); e analisar as atitudes linguísticas de falantes do Português do Brasil sobre a produção aspirada dos fonemas supracitados – expostos a esses participantes por meio de trechos de áudios gravados por fortalezenses e de imagens da página do Facebook Suricate Seboso –, a partir da aplicação de testes de atitudes linguísticas. Para atingirmos o primeiro objetivo, utilizamos uma amostra composta por 17 informantes do projeto PORCUFORT. Os dados, submetidos ao programa de análise estatística GoldVarb X (2005), revelaram que as variáveis apontadas como relevantes para os 12,9% de aspiração de /gê/ foram: Natureza do Vocábulo (Vocábulos Usuais “já”, “a gente”, “gente” e “seja”), Faixa Etária (51 anos em diante), Contexto Fonológico Subsequente ([u], [u], [i], [e], [a] e [in]), Sexo (masculino) e Posição na Sílaba e na Palavra (Ataque em Interior de Palavra). Para os 13,7% de aspiração de /z/, foram: Contexto Fonológico Subsequente ([l], [n], [m], [b], [en], [a] e [on]), Contexto Fonológico Precedente ([o], [a], [é] e [e]), Posição na Sílaba e na Palavra (Coda em Fim de Palavra e Coda Interna), Natureza do Vocábulo (Vocábulos Usuais “precisar”, “coisa”, exemplo, “mesmo”, “pois”, dizer”, Pronome “nos” e Morfema de 1ª pessoa do plural “-mos”), Sexo (Masculino), Faixa Etária (51 anos em diante) e Tonicidade (Pretônicas). Os resultados obtidos apontaram-nos que a maior parte dos dados de aspiração deve-se à difusão lexical (CHEN; WANG, 1975; OLIVEIRA, 1991; 1992; 1995) de vocábulos usuais, além de um consequente avanço destes em direção a uma mudança sonora influenciada por ambientes fonéticos presentes nesses vocábulos que acabaram se tornando favoráveis para a ocorrência da glotalização. Para a análise das atitudes linguísticas sobre a produção aspirada dos fonemas mencionados, foi aplicado um teste de atitudes em 16 informantes, contendo 42 questões, das quais apenas 10 – as demais questões foram arquivadas para futuras pesquisas – buscavam especificamente as avaliações linguísticas dos participantes diante do fenômeno, exemplificado em trechos de inquéritos dos projetos NORPOFOR (Norma Oral do Português Popular de Fortaleza), PORCUFORT e em imagens da página do Facebook Suricate Seboso. As variáveis analisadas constituem características dos participantes do teste: Gênero (masculino e feminino), Escolaridade (com Ensino Superior e sem Ensino Superior), Naturalidade (fortalezense e não nordestina) e Cidade/Estado onde mora atualmente (em Fortaleza e fora do Nordeste). A análise dos dados mostrou-nos que os elementos que fizeram as avaliações mais positivas foram, para a aspiração de /gê/: os trechos do PORCUFORT, as participantes de gênero feminino, os indivíduos sem Ensino Superior, os informantes não nordestinos e aqueles que residem fora do Nordeste; para a aspiração de /z/: foram os mesmos citados para /gê/, porém com os participantes de ambos os gêneros avaliando a variante aspirada de /z/ de maneira igual. Assim, concluímos que: a glotalização das fricativas /gê/ e /z/ apresenta uma forte tendência de uso no falar Fortaleza (cf. NORPOFOR, PORCUFORT e Suricate); é aceita por quase todos os participantes; não se trata de um fenômeno linguístico sexista ligado ao gênero masculino. Entretanto, essa realização ainda é estigmatizada por estar ligada apenas ao plano fonológico e por ter sido avaliada negativamente pelos participantes com Ensino Superior, fatores que dificultam sua implementação no sistema linguístico. Por isso, entendemos que o fenômeno constitui um caso de variação estável e não de mudança em progresso.&nbsp;</div><div style="">Palavras-chave: Variação fonético-fonológica. Glotalização de fricativas pós-alveolares. Sociolinguística Variacionista. Avaliação sociolinguística.</div>