Cartografia de letramentos de insurgência dos movimentos sociais da periferia: “atravessando a rua” com o Programa de Extensão Viva a Palavra

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Sousa, Antonio Ozielton De Brito
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=105992
Resumo: Esta tese procurou cartografar as práticas de letramento de sujeitos coletivos que produzem linguagens como “armas” ao organizarem-se como movimentos sociais nas periferias de Fortaleza-CE e construírem experienciações coletivas a partir de territórios de luta, como a Associação de Moradores do Bairro da Serrinha, que se estabelece como um dos interlocutores do Programa de Extensão Viva a Palavra nas periferias. Além de possibilitar a reexistência (SOUZA, 2011) e a sobrevivência (LOPES; SILVA; FACINA, 2014), essas práticas permitem performatizar subjetividades constitutivas de letramentos que possibilitam reflexões sobre o lugar da linguagem no fortalecimento dos sujeitos potencialmente revolucionários e na (re)construção de sujeitos históricos. São, portanto, práticas de linguagem produzidas pelas periferias urbanas e performatizadas em: 1) jogos de linguagem (WITTGENSTEIN, 1989), nos quais as práticas de letramento de insurgência são construídas enquanto também constroem os jogos; 2) atos de fala (AUSTIN, 1990), experienciados por movimentos sociais em fazeres coletivos multimodais, que decolonizam, via linguagem, os dizeres/fazeres opressores, ao gerarem práticas a partir do escutar, do cuidar e do esperançar; 3) e práxis (FREIRE, 2013; SÁNCHEZ VÁZQUEZ, 1977), enquanto conjuntos de práticas coletivas que visam modificar realidades opressoras e construir outras histórias, considerando formas de vida alternativas ao eurocentrismo. A partir desses elementos, seguimos fluxos e cartografamos práticas insurrecionais com as bases epistemológicas rizomatizadas (DELEUZE; GUATTARI, 2011) pela Pragmática Cultural (ALENCAR, 2009b; 2015; 2019). Apontamos como categorias: linguagens/palavras armas, sentidos em disputa, performances decoloniais, palavras de ordem, atos de fala situados em jogos de linguagem, letramentos de insurgência. Identificamos a constituição de potenciais insurgências ancoradas em práticas de letramento que se tornam práxis e contribuem para transformar: o cotidiano das comunidades; as ações desenvolvidas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE); os demais fazeres produzidos por diversas instituições em parcerias com comunidades do entorno da UECE, no Itaperi. Assim, ações coletivas, mediadas pela linguagem, podem ser entendidas como práticas de insurgência quando constituem uma práxis potencialmente revolucionária. Nos processos metodológicos, seguimos fluxos coletivos perfazendo uma cartografia em Pragmática Cultural que estivesse para além da representação objetiva. Apresentamos uma possibilidade metodológica inovadora para o acompanhamento de processos em Pragmática Cultural ao oportunizar aos sujeitos militantes, periféricos e acadêmicos a experienciação das realidades de uma pesquisa-intervenção pautada na construção de planos comuns. Os sujeitos colaboradores co-construíram saberes e demonstraram que, assim como os membros da academia, eles também produzem conhecimentos que precisam ser reconhecidos social e academicamente. Os resultados permitem compreender que os Letramentos de Insurgência constituem fazeres performatizados coletivamente como uma compreensão em trânsito, materializados nos usos cotidianos da linguagem por grupos subalternizados para contestar, reivindicar e propor. Essas práticas contribuem para potencializar: o pensamento crítico, popular e coletivo; a organização social e comunitária; as lutas sociais; as conquistas coletivas; e os territórios de esperança. Portanto, são compreendidas como práxis potencialmente revolucionárias, emancipatórias e educativas, pois enquanto processos transformacionais, humanizadores, revolucionários, afetivos e criativos contribuem para o entendimento da constituição de sujeitos potencialmente revolucionários e/ou de novos sujeitos históricos, assim como tornam novos mundos possíveis.