Análise crítica do discurso filológico sobre as línguas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Linhares, Miguel Afonso (Ed.)
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=108227
Resumo: <div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Desde o capítulo terceiro da obra “póstuma” de Saussure (2006) até os trabalhos recentes mais “heterodoxos” (por exemplo, Makoni e Meinhof, 2006), tem sido uma preocupação constante na Linguística definir o que é a língua, tanto que as diferentes correntes dos Estudos da Linguagem distinguem-se, fundamentalmente, por estarem assentadas sobre diferentes perspectivas do que seja a língua. Contudo, como observa Rajagopalan (2003), não se percebe, nem de longe, o mesmo interesse por parte dos linguistas em definir o que é uma língua, aquilo a que Coseriu (1979) chama, laconicamente, um “advérbio substantivado”, ou seja, a língua na forma de [falar] português, espanhol, inglês etc. Este trabalho trata, precisamente, dessa desatenção, mas de um modo diferente do esperável. Esperar-se-ia que abordasse como a Linguística tem encarado não a língua, mas as línguas. Não obstante, preferiu-se retroagir aos estudos linguísticos imediatamente antes de a Linguística se configurar como ciência, isto é, antes da difusão do pensamento saussuriano. Assim, escolheu-se analisar não o discurso da Linguística, mas o discurso da Filologia, especificamente da Filologia Românica. Efetivamente, a presente pesquisa parte de uma compreensão da Filologia como prática social, uma prática social que ocupa uma dimensão considerável do desenvolvimento dos Estudos da Linguagem no Ocidente e que tem na Romanística um dos seus ramos mais avançados, em virtude das condições idôneas constituídas pelo vasto conhecimento das duas pontas que abalizam a história das línguas românicas: o latim e as próprias línguas continuadoras dele. Observou-se, então, que em obras consideradas clássicas da Filologia Românica é recorrente o uso de termos como língua, idioma, dialeto, patois etc., pelos quais se enuncia um mesmo referente no discurso filológico – um código verbal – o que manifesta um posicionamento do sujeito autor ante tais definições, fazendo transparecer o seu posicionamento ideológico, do qual faz parte tanto o seu conhecimento teórico como a sua visão de mundo. Oito são, pois, os textos escolhidos para compor um corpus representativo desse discurso sobre as línguas. De cada um fez-se uma leitura atentando para referências que pudessem contribuir com a análise pretendida, quase sempre referências à ciência, à linguagem e/ou às línguas. Tal leitura proporcionou a seleção de 115 pontos críticos. O que se depreende da sua análise, à luz do diálogo teórico-metodológico com os Estudos Críticos da Linguagem (FAIRCLOUGH, 2010; RAJAGOPALAN, 2003; THOMPSON, 2010) e com os aportes das Ciências Sociais, da História Social e da própria Filologia (BURKE, 2010; MIGNOLO, 2003; SANTOS, 2010; ZABALTZA, 2006), é uma patente fragilidade do conceito língua, o que comporta uma</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">consequência verdadeiramente grave: ergueu-se toda uma ciência, institucionalizada há décadas em faculdades por todo o mundo, com um volume de produções nada desprezível, que aporta teorias e métodos cridos universalmente válidos e aplicáveis, mas que parte de um objeto inventado na e pela modernidade, universalizado à força da colonialidade do poder e do saber, manejado ao sabor dos interesses do Estado-nação.</span></font></div>