De agricultores a "atingidos" pela barragem Figueiredo: produção de identidades, lutas pelo território e reconhecimento de direitos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Cunha, Roberta De Castro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=108185
Resumo: Tendo como contexto histórico o modelo de desenvolvimento imposto pelo capitalismo na América Latina e o caráter regulador do Estado, sobretudo das estratégias para a desterritorialização dos grupos camponeses na contemporaneidade, esta tese objetiva discutir as contradições que envolvem os conflitos socioterritoriais gerados pela construção de uma grande obra hídrica e as comunidades atingidas com esse empreendimento, e como tais comunidades resistiram a esse processo, tendo como subsídio de análise o caso empírico das lideranças da comunidade Lapa, na luta pelo reconhecimento do território e enfrentamento das violações de direitos, decorrentes da instalação da barragem Figueiredo, no município de Potiretama, no Estado do Ceará. Nesta tese, a teoria social latino-americana e a sociologia dos conflitos dialogam com os dados empíricos produzidos por meio de pesquisas de campo, bibliográfica e documental, realizadas no período compreendido entre os anos de 2018 a 2022. O estudo evidenciou que os processos de lutas mostraram às lideranças da comunidade Lapa a continuidade da disseminação da genealogia da destruição, por parte do Departamento Nacional de Obras Contra às Secas (DNOCS), fortalecendo a tese de que os conflitos socioterritoriais vivenciados por agricultores e agricultoras no sertão cearense não tratam-se apenas de um processo de reprodução da lógica colonial em si, mas da natureza do desenvolvimento do capitalismo na América Latina, embasada em uma lógica de produção de matéria-prima e de expropriação territorial que se mantém em cada fase de reprodução ampliada do capitalismo. Evidenciou, ainda, as formas de resistências das lideranças da comunidade Lapa, como a organização coletiva, as mobilizações sociais, as ocupações, o acionamento de identidades coletivas e a manutenção do modo de vida tradicional, em defesa do território e do reconhecimento de direitos. Por fim, demonstrou que existe, na condição camponesa, grupos que resistem e lutam no campo contra a falácia do “viver melhor” em defesa do “bem viver”.