O romance “Capitães da Areia” (1937) e o menor abandonado: a pluralidade de discursos na ficção e na história

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Rafaela Mendes Da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=107772
Resumo: O presente trabalho objetivou analisar como a literatura, numa relação dialética com a História, relata a situação do menor abandonado na obra Capitães da Areia (1937), retratando ficcionalmente as falas da imprensa e das leis. Primeiro consideramos o conjunto do escritor brasileiro Jorge Amado (1912-2001) a fim de perceber quais campos da análise histórica poderiam servir para pensar sua literatura. Em nossa análise, optamos pela divisão de Roger Bastide (1972), que pensa a obra de Jorge Amado em três ciclos. O primeiro ciclo que é composto pelos romances iniciais, dedicado às ideias comunistas e à denúncia de problemas sociais, representado por País do Carnaval (1930), Cacau (1933), Suor (1934) e Jubiabá (1935), no segundo ciclo vamos ter Mar Morto (1936), Capitães da Areia (1937) e Terras do Sem-Fim (1943) com temas de maior profundidade na crítica social e o terceiro ciclo, o autor pensou em Gabriela, Cravo e Canela (1958), A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água (1959), Os Velhos Marinheiros (1961), Pastores da Noite (1964) e Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966) apresentando algo mais inclinado para a crônica de costumes. Seguindo nossa análise, concluímos que cada ciclo poderia ser analisado por um campo, sendo o primeiro ciclo pelo caminho da abordagem da História Política, o segundo pela abordagem da História Social e o terceiro pela História Cultural. Diante de tais conclusões, nos propomos a pensar a pluralidade de discursos presentes no romance Capitães da Areia, privilegiando os discursos da lei e da imprensa através do viés da História Social, campo esse que se interessa pelos seguintes aspectos: modos e mecanismos de organização social, as classes sociais e outros tipos de agrupamentos, as relações sociais (entre estes grupos e dos indivíduos no seu interior) e os processos de transformação da sociedade (BARROS, 2004, p. 110). Encontramos uma relação dialética entre história e literatura expressa na exposição da situação do menor abandonado na década de 1930, retratando ficcionalmente os discursos da imprensa e das leis. A literatura não tem compromisso com a História, mas cria baseada nelas.