Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
MADEIRA, JULIANA DA COSTA |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual do Ceará
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=84352
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Resumo: |
Nos últimos anos o número de casos envolvendo doenças tromboembólicas tem aumentado a<br/>necessidade do uso de fármacos com atividade anticoagulante e antitrombótica. Além disso,<br/>processos inflamatórios também estão associados com disfunções na hemostasia. Fármacos<br/>anticoagulantes (heparina) e antiplaquetários (ácido acetilsalicílico e clopidogrel), são vastamente<br/>utilizados na clínica. No entanto, muitos efeitos adversos estão associados com o seu uso, como<br/>risco de sangramento, trombocitopenia, reações gastrointestinais e risco de reincidência de trombose.<br/>A atividade dos polissacarídeos de plantas superiores na coagulação e trombose, diferente dos<br/>polissacarídeos sulfatados de algas marinhas, tem sido pouco explorada, sendo seu efeito<br/>anticoagulante é atribuído a presença de ácido urônico em sua estrutura. Na busca de fármacos<br/>antitrombóticos com potencial anti-inflamatório, este trabalho teve como objetivo isolar e caracterizar<br/>química e estruturalmente os polissacarídeos da folha de Genipa americana e avaliar seus efeitos<br/>anticoagulante, antiplaquetário, antitrombótico e anti-inflamatório. As folhas foram coletadas no<br/>município de Quixadá (Custódio/CE), lavadas, secas e maceradas. O pó (5 g) foi suspenso em<br/>metanol (1:50, p/v), homogeneizado (2 h, 70 °C) e filtrado - repetido 2x. O resíduo foi suspenso em<br/>NaOH 0,1 M (1:50, p/v), homogeneizado (2 h, 97 °C) e centrifugado (1445 x g, 15 min., TA) - repetido<br/>3x. Os Sobrenadantes (S2 e S3) foram reunidos, neutralizados, precipitados com 4 volumes de etanol<br/>(4 °C, 24 h) e centrifugado. O precipitado foi dialisado, centrifugado e o sobrenadante liofilizado<br/>(polissacarídeos totais-PLT). Os PLT foram dissolvidos em água destilada (2:1, p/v) e aplicados em<br/>cromatografia de troca iônica (DEAE-celulose) equilibrada com água. A coluna foi lavada com água e<br/>as frações acídicas eluídas com NaCl (0,1-1,0 M) e monitoradas por quanto aos teores de<br/>carboidratos totais e ácido urônico. Os PLT e as frações polissacarídicas foram analisados quanto ao<br/>conteúdo de carboidratos totais, ácido urônico e proteínas; eletroforese (gel de agarose e<br/>poliacrilamida) e quanto a sua composição monossacarídica por cromatografia gasosa acoplada a<br/>espectro de massa (GC-MS). In vitro, os polissacarídeos foram avaliados quanto à atividade<br/>anticoagulante, pelos testes do tempo de tromboplastina parcialmente ativada (TTPA) e o tempo de<br/>protrombina (TP), e também quanto à atividade antiplaquetária induzida por adenosina difosfato<br/>(ADP, 3 μM). Ratos Wistar (150-250 g) foram utilizados em modelos in vivo, nos quais os<br/>polissacarídeos foram avaliados quanto aos seus efeitos antitrombótico (trombose venosa),<br/>hemorrágico (tendência hemorrágica) e anti-inflamatório (peritonite). Os PLT (6,5%) e frações<br/>polissacarídicas - FI e FII (35 e 56%) apresentaram bons rendimentos, altos teores de carboidratos<br/>totais (23-54,6%), ácido urônico (9-30%) e baixa contaminação proteica (0,56-5%). PLT e FII, mas<br/>não FI, apresentaram maior teor de ácido urônico, confirmado a partir da eletroforese em gel de<br/>agarose e de poliacrilamida corada com Stainss-All. Análises da composição monossacarídica das<br/>frações FI e FII, por GC-MS, revelaram arabinose e galactose como principais componentes. PLT não<br/>apresentou atividade anticoagulante no teste do TP, mas prolongou o tempo de coagulação no teste<br/>do TTPA em 3,8x (0,1 mg/mL; 140,7 ± 3,7 s) em comparação ao plasma controle (38,7 ± 0,9 s). FII foi<br/>a fração mais anticoagulante, aumentando em até 1,8x (0,1 mg/mL; 69 ± 3,1 s) o tempo de<br/>coagulação em relação ao plasma controle. In vitro, PLT e FI, na concentração de 100 μg/μL, inibiram<br/>em até 48% a agregação plaquetária. In vivo, na dose de 1 mg/kg, PLT, FI e FII inibiram a formação<br/>de trombos em 40% (2,58 ± 0,2 mg), 53% (2,14 ± 0,2 mg) e 37% (2,96 ± 0,3 mg), respectivamente,<br/>comparado com salina (4,7 ± 0,1 mg). Nesta mesma dose, PLT e FI aumentaram o tempo de<br/>sangramento em 3,0x (2752 ± 311,7 s) e FII em apenas 1,7x (1568 ± 159,1 s) comparado com<br/>controle PBS (906 ± 16,7 s). Apenas FI apresentou efeito anti-inflamatório, inibindo a migração de<br/>neutrófilos em 85% (315,8 ± 142,7 células) versus zimosan (2013 ± 308,9 células), e inibiu a<br/>agregação plaquetária em 48% após incubação com fluido peritoneal. Em conclusão, os<br/>polissacarídeos isolados das folhas de G. americana, ricos em arabinose, galactose e ácido urônico,<br/>apresentaram atividade antiplaquetária, antitrombótica, anti-inflamatório e anticoagulante (com<br/>atuação na via intrínseca e/ou comum da coagulação).<br/>Palavras-chave: Genipa americana, polissacarídeos, anticoagulante, antiplaquetário, antiinflamatório.<br/><br/> |