(Des)Cortesia em notícias sobre corrupção: atenuação e intensificação no trabalho com as faces

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Rebouças, Davi de Menezes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=105657
Resumo: <div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Os enunciados midiáticos acerca de corrupção têm marcado, em nossa história recente, o noticiário político. Nesse sentido, tornou-se ainda mais comum os grandes veículos de impressa apresentarem notícias sobre importantes personalidades políticas sendo acusadas de corrupção, evidenciando a necessidade de novos olhares crítico-reflexivos sobre o tratamento dado aos protagonistas dos fatos divulgados. Debruçamo-nos, então, sobre textos jornalísticos, como notícias e reportagens, a fim de investigar, à luz da proposta de Trabalho de Faces de Goffman (2012) e da Teoria da Polidez (BROWN; LEVINSON, 1987; KERBRAT-ORECCHIONI, 2006, 2017; SEARA, 2017), como os profissionais do jornalismo desenvolvem marcas linguísticas do trabalho com as faces dos protagonistas do noticiário sobre corrupção. Escolhemos, para isso, nove textos publicados pelos veículos G1, Folha de S. Paulo e CartaCapital sobre a cobertura de três fatos: a condenação do ex-presidente Lula; a denúncia contra o presidente Michel Temer; e o acolhimento de denúncia, pelo STF, contra Aécio Neves. Procedemos a uma análise pragmática do trabalho de faces desenvolvido pelos veículos, bem como dos atos de fala marcados pela cortesia e pela descortesia, adotando como categorias analíticas a atenuação (BRIZ, 2001, 2005, 2013, 2014) e a intensificação (ALBELDA MARCO, 2005, 2007, 2013). Pudemos identificar, a partir desse desenho metodológico, que, apesar de alguns veículos publicizarem um ideário de isenção e apartidarismo (G1 e Folha de S. Paulo), eles adotam a estratégia intensificadora dos atos de ameaça a face e da descortesia, para sujeitos de determinado alinhamento político (à esquerda), ao passo que atenuam o teor negativo para outros, valendo-se, inclusive, da utilização da cortesia e de atos que levam à valorização da face, por meio da cortesia positiva, na perspectiva de Kerbrat-Orecchioni. Já no corpus extraído de CartaCapital, veículo que marca seu alinhamento político direcionado à esquerda em diversos editoriais, por seu turno, identificamos uma maior presença de cortesia e preservação de face de protagonistas de mesmo alinhamento, atenuando a avaliação negativa que marca o noticiário de corrupção; mas traços mais evidentes de descortesia e de intensificação de ameaças às faces direcionadas aos sujeitos de variação política contrária (à direita) e a algumas instituições. Destacamos, todavia, que os textos são marcados por uma atenção dos veículos as suas próprias Faces Institucionais, conceito que contextualizamos e defendemos nesta pesquisa, por meio de uma releitura e ampliação da proposta goffmaniana. Constatamos, finalmente, que o uso das estratégias atenuadoras e intensificadoras guarda relação com fatores econômico-financeiros, pois identificamos que os dois maiores veículos analisados (G1 e Folha de S. Paulo) apresentam aos coenunciadores uma série de recursos visuais, audiovisuais e hipertextuais,</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">próprios da cultura e das ambiências digitais e que necessitam de recursos humanos e materiais para produção, ratificando seus propósitos enunciativos, enquanto que, na CartaCapital, esses recursos estão menos presentes.</span></font></div>