(SOBRE)VIVER E SOFRER: DISCURSOS PRODUZIDOS POR PACIENTES EM ADESÃO AO TRATAMENTO ANTIRRETROVIRAL PARA HIV/AIDS

• Ano de defesa: 2020
• Autor(a) principal: FERNANDES, PETRA KELLY RABELO DE SOUSA
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
• Palavras-chave em Português: Cuidados clínicos - enfermagem
• Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=95420

<div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">O trabalho da enfermagem no contexto de atuação nos Serviços de Atendimento</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Especializado em HIV/Aids é tributário das recomendações ministeriais e do discurso</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">científico que enfatizam a importância da adesão ao tratamento antirretroviral. Porém, para</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">além da ingestão de medicamentos, acreditamos que a singularidade do paciente está</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">implicada na adesão a esse tratamento e comparece na clínica de enfermagem. Para a</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">compreensão dessa singularidade, faz-necessário ir em busca de outros campos de saber,</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">como a psicanálise que se interessa pelo saber do sujeito e o reconsidera como uma verdade</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">singular. Inserimos, assim, a tese de que a singularidade do sujeito está implicada na adesão</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">ao tratamento antirretroviral para HIV/Aids e comparece na clínica de enfermagem, porém as</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">tentativas de abordar essa singularidade apenas sob o enfoque do saber das ciências da saúde</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">confirmam a exclusão do sujeito no cenário assistencial. Assim, o objetivo desse estudo</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">consiste em analisar os discursos produzidos por pacientes sobre a adesão ao tratamento</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">antirretroviral para HIV/Aids, assim como identificar os discursos que apontam a</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">singularidade desses pacientes. Trata-se de uma pesquisa com a psicanálise, realizada com</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">nove pacientes, por meio de uma entrevista semiestruturada, durante os meses de outubro a</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">dezembro de 2018, em um Serviço de Atendimento Especializado em HIV/Aids. Os dados</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">foram analisados por meio da técnica de análise do discurso e, a pesquisa teve início após a</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital São José de doenças</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">infecciosas, sob o parecer nº 2.911.868. A partir da análise dos discursos dos pacientes em</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">adesão, percebemos que os efeitos de sentidos parafrásticos sobre essa adesão perpassaram</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">pela compreensão de que aderir ao tratamento significa sobreviver, uma vez que os</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">medicamentos iriam garantir uma maior expectativa de vida. Porém, os discursos também</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">apontaram a adesão como sofrimento. Sofrimento esse relacionado às mudanças no corpo</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">devido aos efeitos colaterais, à adesão como uma forma de aceitar e revelar ao outro o seu</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">diagnóstico e o ao isolamento devido ao medo dessa revelação, além do confronto com a</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">morte. Dessa maneira, identificamos que esses discursos que apontaram sofrimento são</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">desconsiderados na clínica de enfermagem, o que reforça uma ideologia de base muito forte -</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">o discurso capitalista- que sustenta toda a prática significante dos discursos. Tomando como</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">questão central o sofrimento que comparece nos discursos analisados, ou seja, aquilo que está</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">fora do campo clínico da adesão, a enfermagem pode apostar na valorização da singularidade</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">do sujeito que pode destoar da lógica da racionalidade que rege os protocolos e as diretrizes</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">da adesão. Compreendemos, então, que o modo de conceber a atuação profissional da</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">8</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">enfermagem pode ser reconsiderado a partir da possibilidade de pensar em um cuidado do</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">sujeito. Assim, pontuamos a psicanálise por saber que sua aposta se faz no sujeito e não no</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">medicamento, porém ressaltamos que não colocamos a psicanálise na pretensão de ser um</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">substituto para o tratamento medicamentoso, mas como um referencial que pode possibilitar o</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">lugar do outro ser o sujeito do discurso.</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Palavras-chave: Cuidado de Enfermagem. Adesão ao Medicamento. Síndrome de</span></font></div><div style=""><font face="Arial, Verdana"><span style="font-size: 13.3333px;">Imunodeficiência Adquirida. Psicanálise.</span></font></div>