Identidade feminina: uma análise crítica do discurso da ministra Damares Alves

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Nascimento, Iara De Sousa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=97950
Resumo: A representatividade feminina tem sido alvo de discussões e pesquisas variadas que demonstram como nosso país ainda é deficiente em tal aspecto. Em 2019, uma ministra assume a chefia do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, um vasto e importante ministério que passa a ser liderado por uma mulher. O que, de modo superficial, indicava ser uma conquista no quesito representatividade, passa a ser alvo de críticas e escândalos provenientes de um discurso conservador e religioso realizado pela ministra. Assim, esta pesquisa tem como objetivo central a análise da construção da identidade feminina performativa no discurso da ministra Damares Alves. Partimos de uma visão performativa de linguagem e identidade e que considera o discurso como um modo de agir sobre o mundo, seja construindo, mantendo ou transformando as relações de dominação. De modo específico, buscamos examinar os recursos textuais-discursivos que são utilizados dentro de tal discurso, além de caracterizar os possíveis perfis identitários femininos que possam emergir. De modo a construir uma análise social e linguística, recorremos a teorias sobre Gênero e Identidade (BUTLER, 1997, 1999, 2003; CAMERON, 1999; FERREIRA, 2001, 2010; PINTO, 2001, 2007; SALIH, 2015), assim como a teoria da Performatividade (AUSTIN, 1990; OTTONI, 2001; PINTO, 2001, 2007), baseando-se também na Análise de Discurso Crítica (ADC) (FAIRCLOUGH, 2001 [1992], 2003; FAIRCLOUGH; CHOULIARAKI, 1999; RESENDE; RAMALHO; RAMALHO, 2006; 2011 MAGALHÃES, 2005, 2017; HALL, 2006; WOODWARD, 2008; SILVA, 2000), da qual são derivadas as categorias analíticas. Para a sua execução, utilizamos a Análise de Discurso Textualmente Orientada (FAIRCLOUGH, 2001 [1992], 2003; FAIRCLOUGH; CHOULIARAKI, 1999) como perspectiva analítica que considera o texto como evento que produz significados e que está situado em um dado contexto sócio-histórico, mediando a relação entre as estruturas sociais e os discursos. O corpus desta pesquisa se trata do material transcrito proveniente de um vídeo publicado em abril de 2019 no canal Câmara dos Deputados no Youtube referente à Comissão para os Direitos da Mulheres, ocasião na qual a ministra estava presente. Os resultados demonstram como o processo identitário não é unificado e sim múltiplo, dadas as variadas e incoerentes identidades verificadas. Além disso, constatou-se, por meio da materialidade linguística, marcas de uma ideologia fortemente atrelada ao conservadorismo e à sua doutrina enquanto pastora evangélica, fatores que exercem influência sobre sua prática política ministerial.