O Trabalho na gig-economia: Um estudo com gig-trabalhadores motoristas de aplicativos, à luz da psicodinâmica do trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Stephany Filho, Luiz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=102777
Resumo: A popularização dos smartphones possibilitou o surgimento de um novo tipo de economia: gig-economia. Ela é constituída pela ação de três papéis: os gig-trabalhadores que prestam serviços, os clientes que contratam esses serviços e as empresas que intermediam as transações que ocorrem entre os gig-trabalhadores e os clientes. A modalidade de gig-trabalho constitui-se de atividades curtas e temporárias, que são aceitas e realizadas pelos gig-trabalhadores, enquanto o aplicativo intermediador da transação busca se eximir de qualquer vínculo formal com aqueles que executam o trabalho. Essa flexibilidade nas relações laborais trouxeram um debate. Por um lado, discute-se acerca da romantização do conceito de empreendedor como embuste para a precarização do trabalho; pelo outro, debate-se que o gig-trabalho é uma oportunidade de inserção do trabalhador em um novo nicho de trabalho, diante de um cenário crescente de desemprego. Entretanto, observou-se uma escassez de respostas no compreender sobre a dinâmica das inter-relações sociais dos gig-trabalhadores, que trabalham como motoristas de aplicativos de carona. Portanto, o objetivo geral desta tese é compreender o trabalho na gig-economia, desde o ponto de vista dos gig-trabalhadores, que trabalham como motoristas de aplicativos, à luz da Psicodinâmica do Trabalho. Os pressupostos são três: a decisão de se trabalhar por aplicativos não é tomada somente por quem está desempregado, porque o gig-trabalho tornou-se uma opção atraente. O segundo pressuposto trata sobre a dinâmica identitária do gig-trabalhador, que não se limita à dicotomia ser-empreendedor/ser-precarizado, acredita-se que existam outros perfis identitários, e com o terceiro pressuposto infere-se que uma consequência possível da psicodinâmica do trabalho do gig-trabalhador é o adoecimento por doenças psíquicas e emocionais predominantes na contemporaneidade que estão todas associadas à pseudoliberdade, à independência, à autonomia e à flexibilidade da sociedade. Decidiu-se estudar o trabalho do gig-trabalhador com a lente teórico-analítica da psicodinâmica do trabalho. Busca-se, assim, compreender o contexto de trabalho desse tipo de trabalhador, as dinâmicas psicoafetivas, vivências de prazer-sofrimento e variações de estado de saúde que podem afetar a sua vida. Como metodologia, aplicou-se uma abordagem qualitativa, com um tipo de pesquisa descritiva-explicativa. A técnica de coleta de dados foi a entrevista narrativa em profundidade e quanto à técnica de análise dos dados, optou-se pela análise de núcleos de sentido - ANS. Como resposta aos pressupostos do trabalho, observou-se que, atualmente, o gig-trabalho é considerado vantajoso, principalmente por aqueles que possuem baixa escolaridade; foram identificados cinco tipos identitários nos gig-trabalhadores estudados: empreendedor, “empregado”, parceiro, slash e escravo. Essa fragmentação identitária geralmente causa adoecimento, porém neste estudo, o que se encontrou foi um movimento de compensação obtido através dos espaços de fala. Também se compreende como o gig-trabalhador percebe a sua organização do trabalho, suas condições de trabalho e relações de trabalho, além de identificar que o carro e os grupos de WhatsApp se transformam em espaço de fala e de “gig-terapia”, que auxilia na sua mobilização subjetiva e na dinâmica de transformação do seu sofrimento em prazer. Observou-se que o gig-trabalho também é fonte de saúde, porque a flexibilidade proporciona momentos de prazer ao sujeito.