O trabalho, as práticas de gestão e os vínculos na economia Gig: um estudo com motoristas de aplicativos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Queiroz, Giselle Cavalcante
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-30082023-191758/
Resumo: Esta tese tem como objetivo geral analisar como o trabalho, as práticas de gestão e os vínculos de comprometimento e entrincheiramento se configuram no contexto da Economia Gig. As práticas de gestão compreendem àquelas relacionadas às pessoas nas organizações, como recrutamento e seleção e gestão de desempenho. Porém, no contexto da economia Gig, são confrontadas com a gestão algorítmica, que é o conjunto de práticas de supervisão, governança e controle conduzidas por algoritmos em trabalhos remotos. Muitas vezes essa gestão se usa da gamificação, a aplicação de jogos em contexto de trabalho, a fim de criar um clima de competição, com recompensas. O comprometimento é um vínculo psicológico estabelecido voluntariamente com uma pessoa, organização, carreira ou outra instância, envolvendo dedicação e responsabilidade. Entrincheiramento é a tendência do trabalhador em permanecer fora da organização devido à percepção de sua empregabilidade, suas alternativas de emprego e os custos de sair da organização. A tese foi desenvolvida em três artigos, apesar de ter sido uma pesquisa única. Caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, com método de pesquisa fenomenológico. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 30 motoristas de aplicativos, 18 de São Paulo-SP e 12 de Fortaleza-CE. As análises dos dados se deram por análise temática e análise de conteúdo. Como resultado, propõe-se um modelo teórico-empírico que relaciona o contexto de mercado de trabalho, o trabalho em aplicativos, as práticas relacionadas à gestão de pessoas na economia gig e os vínculos de comprometimento e entrincheiramento dos trabalhadores. Os resultados desta tese indicam que o contexto do mercado de trabalho, informal e desregulamentado, se relaciona com os motivos que levam as pessoas ao trabalho por aplicativo: desemprego e complemento de renda, e que os fazem permanecer, ainda que as condições de trabalho não sejam ideais, com uma rotina exaustiva. Os resultados também evidenciaram que a economia gig conta com práticas similares à gestão de pessoas, mas dispersas em poucas atividades desenvolvidas pelas organizações-plataformas e outras atividades que são repassadas aos próprios trabalhadores, bem como aos clientes e a uma rede de apoio ao trabalhador, como a família e os amigos. Os resultados também expõem que os trabalhadores contam com um conjunto de focos de comprometimento e entrincheiramento com o trabalho, substituindo a organização tradicional. Há interações de sinergia e conflitos de comprometimento, evidenciando três perfis de sistemas, que se dividiram pela existência e ausência do conflito trabalho-vida. Porém, os trabalhadores gig tendem a desenvolver mais entrincheiramento que comprometimento, dado a natureza do trabalho. Também foram encontradas hierarquizações e sinergias de entrincheiramento, mas não conflitos. Além disso, esse vínculo é potencializado pela ferramenta de gamificação, que impacta no conflito trabalho-vida e nos demais relacionamentos dos trabalhadores. A tese traz contribuições para a literatura de Psicologia Organizacional e do Trabalho, Gestão de Pessoas e Economia Gig. Além disso, contribui com reflexões para os indivíduos e a sociedade sobre como esse trabalho impacta os vínculos e a vida desses trabalhadores.