Traficante eu? a venda "doméstica" de crack por mulheres na Favela do Oitão Preto em Fortaleza- CE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Escobar, Maria Gomes Fernandes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=107570
Resumo: Esta pesquisa de cunho etnográfico tem o objetivo de dar a conhecer como se desenvolvem as dinâmicas do microcomércio “doméstico” de crack na Favela do Oitão Preto em Fortaleza- CE, a partir da aproximação a quatro mulheres moradoras do local. Ao mesmo tempo perceber como o envolvimento na microeconomia do crack vai produzindo um modo de sociabilidade que intercruza as múltiplas vulnerabilidades que se expressam em sua condição de gênero, classe, raça e geração. Nesse sentido a tentativa de compreender como elas se apresentam, produzem, praticam e justificam o microcomércio “doméstico” de drogas, distante do discurso oficial que as enquadra como traficantes. A etnografia no Oitão Preto se estendeu entre 2018 e 2019 e foi desenvolvida a partir de uma abordagem interacionista vinculada a sociologia das emoções inspirada em uma perspectiva sociológica compreensiva a partir de autores como Weber, Simmel, Elias, Goffman tendo, no entanto, a preocupação em não me ater em “caixas” teóricas como enfatiza Becker. O texto está dividido em três capítulos que por sua vez se subdividem em subcapítulos, além da introdução e das considerações finais. A intenção inicial da escrita é aproximar o/a leitor(a) do lócus em que se deu a pesquisa de campo e as intermediações que permitiram a aproximação às mulheres interlocutoras. Após, estabeleço uma discussão que envolve a economia da droga, as noções de crime organizado, delineando como se estabelece a venda varejista de drogas a partir do domínio das facções criminosas. Essas abordagens são interligadas a situações presenciadas no microcomércio “doméstico” de crack realizado pelas interlocutoras. Do ponto de vista teórico, convido ao debate diferentes pesquisadores da sociologia e de outros campos do saber, dando particular importância aos estudos e pesquisas de autoras feministas negras muitas delas brasileiras que se sustentam em um estudo interseccional. Nas conclusões, aponto que o microcomércio “doméstico” de crack se constitui em uma “nova” modalidade de comercio dentro da microeconomia da droga nos bairros, comunidades e favelas e, nesse contexto, abre-se a oportunidade de adesão de grupos anteriormente excluídos ou pouco presentes neste universo de ilegalidade como é o caso de mulheres e velhos. As microcomerciantes domésticas de crack do Oitão Preto acumulam vulnerabilidades que se intercruzam ao gênero, a classe, a raça e a geração, fundamentando uma condição de precariedade sendo a obtenção de dinheiro, o motor determinante para a prática das atividades ilegais.