O Abuso Sexual no Intinerario da Revelacao/Notificacao: Caminhos e Descaminhos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Alves, Ariadna Queltre Nobre
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=37445
Resumo: Nos ultimos anos, no Brasil tem sido estimulada a denuncia de violencia sexual contra criancas e adolescentes, atraves de campanhas, disque-denuncias e das constantes manifestacoes da imprensa e das autoridades, o que tem contribuido para o aumento significativo do numero de denuncias de abuso sexual na cidade de Fortaleza. Diante dessa realidade, o presente estudo teve como objetivo descortinar a atencao dada as pessoas envolvidas na vitimizacao (vitimizados, familiares e abusadores) durante o percurso - revelacao, notificacao, atendimento, investigacao policial, denuncia judicial, julgamento - pelo qual circulam os casos de abuso sexual domestico denunciados no ano de 2002 no Projeto Sentinela/SAS de Fortaleza. Ao mesmo tempo, procurou-se visibilizar as malhas do fenomeno da vitimizacao e as possiveis estrategias de resistencia tecidas nas teias do abuso sexual domestico, a partir das falas de duas adolescentes vitimizadas. Para tanto, fez-se necessaria a combinacao de algumas tecnicas, dentre elas: a consulta a fontes documentais (BOs, inqueritos, processos judiciais e outros), visitas institucionais e entrevistas com profissionais que compoem a rede de enfrentamento da violencia sexual. Tambem foram entrevistadas duas adolescentes vitimizadas e, nesse caso, a historia apresentou-se como uma resposta consoante para captar o complexo do real em questao. Nessa direcao autores como Foucault, Eva Faleiros e Amaro foram sendo tomados como luzes. O trajeto investigativo revelou que a vergonha, o descredito, o medo da reacao dos responsaveis, familiares e da sociedade, alem da inseguranca e do medo devido as ameacas do abusador, são alguns dos elementos que contribuem para a perpetuacao e/ou prolongamento do silencio que envolve os abusos sexuais domesticos. A investigacao social, policial e judiciaria gera grande ansiedade em todos os envolvidos na vitimizacao, dessa forma, o medo das consequencias do processo acaba por aumentar a resistencia dos vitimizados e de suas familias em denunciar. Ao inventariar as duas historias de vida, foi possivel perceber que cada sujeito individual, dada a sua construcao subjetiva particular, pode produzir diferentes respostas mais ou menos resistentes a essa situacao. Assim, e possivel concluir que as diferentes expressoes e manifestacoes da resistencia ampliam-se e restringem-se conforme a construcao do abuso e seu enfretamento em cada adolescente vitimizada, e que as resistencias estao associadas e, principalmente, niveladas em diferentes graus de aprofundamento.