INFLUÊNCIA DO TRANSPLANTE CARDÍACO SOBRE A ATIVIDADE SEXUAL

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: VASCONCELOS, GLAUBER GEAN DE
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=85559
Resumo: A prevalência de disfunção sexual em pacientes com insuficiência cardíaca é elevada, com acometimento de homens e mulheres. No pós-transplante cardíaco os pacientes experimentam sentimento de angústia quanto à atividade sexual e à necessidade de maior esclarecimento quanto ao comportamento de risco e à disfunção sexual. Esta pesquisa teve por objetivo geral analisar a influência do transplante cardíaco na atividade sexual do paciente. Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, com entrevista semiestruturada junto a 30 pacientes transplantados cardíacos, desenvolvida no ambulatório da Unidade de Transplante e Insuficiência Cardíaca do Hospital Carlos Alberto Studart Gomes. A coleta de dados aconteceu em dois momentos: 1) revisão integrativa, realizada nas principais bases de dados da área da saúde e no portal PubMed, por meio das equações de busca: a) “heart transplantation” AND “sexual health” e b) “sexual behavior” AND “sex counseling”. No segundo momento, buscou-se a compreensão dos discursos dos participantes. O processo interpretativo teve início com a análise do perfil dos participantes, expostos em tabelas e gráficos. Para apoio à análise do corpus textual, foi utilizado o software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ). A pesquisa foi desenvolvida sob a égide dos aspectos éticos obedecendo às resoluções da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Na revisão integrativa, nos 19 artigos incluídos para análise, a profissão dos autores era 18 (94,7%) médicos e um (5,3%) enfermeiro. O artigo mais antigo era de 1984 e o mais recente de 2013. Dois (10,5%) estudos possuíam abordagem quantitativa, um (5,2%) consenso e 16 (84,2%) abordagem qualitativa. Quanto a temática, um artigo (5,2%) sobre aspectos psiquiátricos no pós-transplante cardíaco; um artigo (5,2%) sobre consenso de enfermagem que abordava a temática da atividade sexual nesta população de indivíduos; dois (10,5%) avaliaram os aspectos medicamentosos sobre a atividade sexual pós-transplante cardíaco; três (15,7%) focaram a disfunção sexual no transplantado cardíaco; e, 12 (63,1%) abordavam aspectos da qualidade de vida no pós-transplante de coração. Os dados demográficos mostraram que houve um predomínio do sexo masculino (70%), indivíduos com faixa etária mediana (52 anos), 80% casados, 56% de etiologia idiopática, 16% doença de chagas, 10% miocardiopatia periparto, 50% com menos de 5 anos de transplante, hipertensão arterial (40%) e dislipidemia (17%) foram as comorbidades de maior incidência, 83% dos indivíduos afirmaram não ter recebido orientação para atividade sexual, 66,7% apresentaram comportamento sexual de risco, 63,3% consideraram que o transplante cardíaco trouxe complicações para a vida sexual, 42,1% dos transplantados referiram diminuição da libido, 36,8% referiram diminuição do desempenho<br/>sexual, 50% não faziam uso de preservativos e 16,7% tiveram múltiplos parceiros. Na análise temática identificou-se o período que antecede a cirurgia com o fenômeno de assexualização do indivíduo, no qual é negado ao paciente a participação no ato sexual pela sua própria condição clínica; no segundo momento, o transplante como centro na vida do entrevistado, com repercussões negativas e positivas que se equilibram entre si; o tornar-se transplantado traz ao paciente a percepção da aquisição de uma identidade própria. Trata-se de um tema pouco abordado e há uma necessidade de maior valorização desta temática, visto a prevalência de comportamento de risco. Os resultados aqui alcançados extrapolam o cotidiano do fazer médico, sendo perfeitamente aplicável à equipe multidisciplinar; a contribuição maior do estudo é a compreensão de que as orientações pontuais, embasadas tão somente em diretrizes, não atendem as reais necessidades dos pacientes. Apoiá-los na retomada da atividade sexual, assim como individualizar as intervenções mostram-se decisões coerentes com uma prática humanizada.<br/>Palavras-chave: Transplante de coração. Insuficiência cardíaca. Atividade sexual.