A música popular latino-americana: perspectivas contra-hegemônicas e decoloniais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Dorigatti, Maicon
Orientador(a): Real, Geraldo A
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: https://repositorio.ucs.br/11338/6655
Resumo: Esta dissertação apresenta um estudo sobre as práticas musicais populares latinoamericanas em uma perspectiva contra-hegemônica, relacionando-as aos estudos decoloniais. O trabalho foi desenvolvido dialogando com Grosfoguel (2007), Quijano (2009), Mignolo (2007), Walsh (2013-2019) e Maldonado-Torres (2007), para delimitar as concepções de decolonialidade. Pelo entendimento de que serão determinantes na problematização das práticas musicais por essas lentes, Santos (2006-2009), Jiménez (2011), Hall (1997-2006), González (2015-2016), Delgado (2007) e outros autores foram convidados a fazer parte desses diálogos. O problema desta pesquisa constitui-se a partir da seguinte interrogação: quais os possíveis papéis que as práticas musicais desempenham enquanto ferramentas culturais emancipatórias no enfrentamento aos poderes historicamente opressores da colonialidade cultural? O objetivo da dissertação foi: analisar os possíveis papéis das práticas musicais presentes na América Latina em uma perspectiva de educação emancipatória e de contra-hegemonia aos poderes historicamente opressores da colonialidade cultural. Para efetuar as considerações, definiu-se um total de doze obras musicais de artistas, grupos e coletivos que possuem uma postura de questionamento e enfrentamento aos poderes hegemônicos eurocêntricos e estadunidenses que operam sobre a América Latina, influenciando a política, a economia e subjugando as sociedades e cultura local. Nesta análise, selecionamos artistas de oito países e fizemos uma relação contextual entre eventos políticos e sociais com as expressões musicais. Os desdobramentos desse objetivo aparecem distribuídos ao longo da dissertação da seguinte forma: na Introdução, explicita-se a relevância da pesquisa, através da definição do problema, dos objetivos e de uma contextualização do objeto da pesquisa; no segundo capítulo, discute-se a perpetuação do colonialismo nas instâncias modernas, traduzido pelo fenômeno da colonialidade, e como o decolonialismo dispõese como perspectiva crítica e emancipatória a partir dos saberes latino-americanos. O capítulo ainda aborda as práticas musicais populares como possibilidade contrahegemônica e de Educação Popular; no capítulo três, apresenta-se as concepções identitárias em um mundo globalizado e retrata-se a performance artística/musical como elemento contemporâneo de ressignificação e representatividade cultural. A estratégia metodológica da pesquisa foi feita por meio da etnografia da música, relacionando os territórios socioculturais nos quais se encontram os artistas criadores das obras musicais. Relevou-se os aspectos da letra, imagem e som como elemento de análise a partir das obras, e as Epistemologias do Sul como ponto de emancipação de uma ciência latinoamericana. Como resultado, afirma-se que as práticas musicais analisadas apresentam-se como experiência e movimento contra-hegemônico decolonial ao empregar numerosos elementos de crítica social e potencializar as discussões em outros círculos sociais e espaços de Educação Popular. Expressam-se como ferramentas emancipatórias enquanto cumprem propostas de usar as suas possibilidades para reafirmar identidades, elementos culturais, expor conturbados contextos sociopolíticos, as injustiças e preconceitos sociais e o tratamento do Estado perante tais situações. Desenvolvermos nosso lugar de escuta e emissão discursiva fornece a sustentação que nos permite o lugar de luta e a complexificação, aprofundamento e crítica das narrativas prevalentes sobre os sujeitos, os grupos e os povos historicamente oprimidos. Nesse entendimento, a música enquanto manifestação artística apresenta-se como instrumento de fortalecimento das lutas sociais