O papel do pai na sociedade contemporânea: concepções de pais, funcionários de uma Empresa Estatal da Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Carvalho, Ana Barreiros de lattes
Orientador(a): Moreira, Lúcia Vaz de Campos lattes
Banca de defesa: Valsiner, Jaan, Marsico, Giuseppina, Lyra, Jorge, Alcântara, Miriã Alves Ramos de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica do Salvador
Programa de Pós-Graduação: Família na Sociedade Contemporânea
Departamento: Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/123456730/234
Resumo: Como resultado das mudanças sociais, tais como o crescente número de divórcios e o ingresso da mulher no mercado de trabalho, o papel do pai vem mudando rapidamente bem como o respectivo número de pesquisa a esse respeito. Como a paternidade é um conceito que se encontra em um processo de importantes alterações, esta tese tem como objetivo compreender e discutir o papel do pai na sociedade contemporânea, a partir das concepções de pais, de diferentes níveis socioeconômicos do Estado da Bahia. Para atingir tal propósito foi realizado um estudo de caso em uma grande empresa do Estado da Bahia/Brasil onde foram entrevistados 30 pais, sendo considerados os que recebiam maiores e menores salários. O instrumento de pesquisa foi elaborado com base nos fatores que definem a paternidade, conforme Lamb (2004) e Palkovitz (1997). O estudo foi direcionado pelas teorias do Psicodrama, Sociodrama e a Teoria Relacional pois, elas utilizam o conceito de papel como estruturante dos indivíduos e da sociedade e o consideram importante na construção de capital social. Como principais resultados obteve-se que, para os participantes com menores salários, o papel do pai consiste em ensinar, estar disponível para a criança e ser afetuoso. Por outro lado, para os entrevistados com maiores salários, o pai é aquele que ensina, está disponível e compartilha atividades. Os pais dos dois grupos afirmaram que o principal fator de aproximação deles com seus filhos é o compartilhamento de atividades. Entretanto, a maioria dos pais de menores salários informou que o trabalho era o maior dificultador da aproximação deles com seus filhos(as), seguindo-se da separação conjugal. Já os pais de maiores salários mencionaram como principal dificultador o trabalho, seguindo-se de pouco tempo disponível para o(a) filho(a). Notou-se que nos itens responsabilidade e disponibilidade, os pais de maiores salários apresentaram um nível de envolvimento maior que os de menores salários. Identificou-se, também, que os pais de salários mais baixos encontraram-se mais envolvidos que os de maiores salários nas atividades referentes à afetividade (como sorrir para a criança), enquanto que o inverso ocorreu com relação às atividades relacionadas à cognição (como ensinar). Como a grande maioria dos entrevistados respondeu que as instituições e o governo não dão suporte para que eles possam desempenhar o papel de pai, verifica-se a necessidade de um maior envolvimento dos elaboradores de políticas públicas e institucionais com esse tema para que possam incluir a paternidade nos contextos escolares, empresariais e de instituições de saúde e de cuidados com a criança e a família. Verificou-se que são necessárias mudanças inclusive nas políticas referentes às pesquisas, pois, as investigações sobre o tema são insuficientes e, quando existentes, em sua maioria, apresentam uma visão conformista sobre o panorama da paternidade. Tais dados levaram à conclusão de que a paternidade é contingente ao ambiente em que está inserida, à complexidade do contexto socioeconômico, cultural, histórico e às características familiares e pessoais. Essencialmente, a paternidade não é importante apenas para o desenvolvimento da criança, mas também para os próprios pais e para a sociedade uma vez que, os entrevistados afirmaram que após terem se tornado pais, ficaram mais responsáveis e maduros. Dessa forma, percebe-se que eles poderão ajudar na promoção da equidade de gênero, redução da pobreza, criminalidade e na construção de uma sociedade mais justa e melhor.