Os modelos educativos das mães evangélicas com maridos não crentes: influências da religião e do processo de democratização nas relações familiares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Leite, Ariane Vieira lattes
Orientador(a): Jacquet, Christine lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica do Salvador
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://ri.ucsal.br/handle/prefix/1015
Resumo: Na contemporaneidade, princípios norteadores dos modelos educativos familiares sofreram alterações no sentido de sua democratização. Esta, assumida, sobretudo pelas classes médias, mais permeáveis a determinados ideários modernos, pode ser apreendida a partir das diferentes dimensões do processo educativo tais como as qualidades e aptidões que os pais querem que os filhos adquiram; os recursos e métodos pedagógicos que os pais utilizam para transmitir seus valores ou ensinar comportamentos adequados aos filhos; a repartição dos papéis educativos entre o pai e a mãe; e a atitude dos pais perante os agentes externos de socialização. Pesquisadores revelam que o sistema de crenças dos pais é determinante na relação que eles estabelecem com seus filhos. A religião norteia de maneira direta ou não, as regras de conduta dos indivíduos, regras estas que atribuem significado às atitudes e formas de ver o mundo e o “outro”. Dentro da esfera religiosa observa-se, o crescimento acentuado dos evangélicos. No geral, são as mulheres que primeiro aderem às igrejas evangélicas. A conseqüência é, cada vez, um maior número de casais com mulher evangélica e marido não crente, fazendo com que o fenômeno do pluralismo religioso repercuta fortemente nas famílias brasileiras. Neste estudo exploratório, de natureza qualitativa, nosso interesse foi analisar os modelos educativos das mães evangélicas - pertencentes às classes médias e cujo marido não compartilha da mesma fé - buscando compreender a influência da religião, bem como do processo de democratização das relações familiares, sobre os modelos adotados. Postulamos a priori uma tensão para essas mães entre dois modelos educativos diferentes: por serem mulheres de classes médias casadas com um homem que não compartilha da mesma fé, elas podem adotar o modelo democrático; mas por serem evangélicas, elas podem adotar um modelo mais tradicional. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com mães evangélicas, residentes em Salvador e casadas com maridos que não comungam da mesma fé. Para a análise dos dados, obtidos por meio das entrevistas, utilizamos a técnica de análise de conteúdo temática. Para o tratamento e a interpretação dos dados construímos dois modelos educativos: o democrático e o evangélico, sendo o primeiro a partir da literatura sobre o assunto que é abundante e consensual e o segundo elaborado a partir de entrevistas com pastores. As informações fornecidas pelas mães envolvidas na pesquisa demonstraram que a maior parte delas adota o modelo evangélico, notadamente disciplinador, o que revela que as entrevistadas apresentam características que mais as aproximam do que as diferenciam. Mas os dados também apontaram para a influência do processo de democratização nas práticas educativas destas mulheres, revelando as ressonâncias do ideário moderno no campo da educação, marcado pela cultura psicanalítica individualista que introduz um novo ethos familiar. Assim, coexistem no relato de uma mesma mãe os dois modelos estudados.