Diálogos com as mulheres na política local baiana: famílias, tradições e representações entre o público e o privado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Barbosa, Cláudia de Faria lattes
Orientador(a): Cavalcanti, Vanessa Ribeiro Simon lattes
Banca de defesa: Quinteiro, Maria Esther Martínez, Alves, José Eustáquio Diniz, Calazans, Márcia Esteves de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Catolica de Salvador
Programa de Pós-Graduação: Família na Sociedade Contemporânea
Departamento: Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/123456730/237
Resumo: O fato de maior participação feminina, em números, nos quadros administrativos e políticos – dentro do processo contemporâneo brasileiro e baiano – indica uma efetiva cidadania, espaços conquistados e bandeiras desfraldadas? A partir dessa questão geradora, o presente trabalho reflete sobre o “empoderamento” das mulheres, acessando debates sobre gênero e o binômio inclusão/exclusão, tal como sua incidência na política municipal, pensadas como agentes de exercício do poder político. Centrado em histórias de vida e de famílias, analisa as categorias gênero e parentesco, que perpassam as atuações, explorando o entrecruzamento de mundos que conformam o universo político, em uma perspectiva que compreende gênero como parte de um sistema de relações. Com o propósito de ultrapassar a visão naturalizada/essencializada do papel feminino no espaço político, este estudo tem como objetivo analisar como se dão as relações entre o público e o privado das mulheres que atuam na política, com a perspectiva de compreender como elabora a consciência de si e para si. Em uma perspectiva ampla e alerta dos problemas históricos e culturais dos quais as mulheres se mantiveram invisibilizadas. Uma discussão que demonstra a incorporação da diversidade. De forma específica, pretende identificar como as mulheres investidas de um cargo político exercem a cidadania nos espaços público e privado, fazendo valer o princípio da não discriminação, compreendendo se realmente conseguem autonomia e/ou se “empoderar” no sentido de tomar atitudes e levantar bandeiras de luta contra as segregações, violências e vulnerabilidades. Propõe alargar o campo das reflexões sobre representações sociais e políticas, trazendo aspectos científicos e interdisciplinares. A metodologia utilizada consistiu em estudo de casos múltiplos envolvendo histórias de vida e de famílias e análise de conteúdo, com as contribuições das teorias feministas, das representações sociais e filosofia política, com o emprego de diversas técnicas, entre elas, a entrevista aberta e em profundidade com as prefeitas dos municípios do Estado da Bahia, gestão 2009-2012. Privilegia-se a categoria gênero como instrumento analítico e relacional, famílias como redes, vínculos e construções sociais e culturais, questiona as representações sociais e admite as perspectivas históricas que negligenciaram a invisibilidade das mulheres no percurso da contemporaneidade e os estereótipos existentes em relação aos papeis de gênero, além de buscar, no cotidiano dos sujeitos, aspectos entrelaçados que norteiam suas condutas e práticas. Investiu-se em um detalhamento sobre a realidade de mulheres no poder local baiano, ao ouvir suas “vozes” a partir do cotidiano vivido, percebendo os entraves e as conquistas que perpassam o modo de atuação delas no espaço público, demonstrando ideias e ações. A base epistemológica vem cruzando as fronteiras dos feminismos e o interesse foi contribuir para o entendimento com referência à participação e atuação das mulheres na política, especialmente que não se deve julgar sem analisar suas condições e cada caso em particular. As mulheres, em suas múltiplas ações, referências e atuações, agindo na política, enfrentam situações únicas e muitas variáveis estão em jogo. Ademais, são apenas “peças na engrenagem” do poder político dominante e da reprodução do capital e de uma práxis de ordem patriarcal. Nesta acepção, corre-se o risco de se perder a riqueza e as sutilezas da particularidade ou da singularidade - as nuances, as matizes de sentido que requerem atenção a detalhes e conhecimento vasto de causa específica. Entre o geral e o particular, entre feminismos e outras aproximações teóricas que suportam olhares e propostas de intervenção, a realidade estudada, vista de perto, demarca espaços de avanços quantitativos, seja no âmbito nacional e regional, além do quadro atual estar favorável a uma tomada de consciência das mulheres em lutar pelos seus direitos civis, afirmando-se cada vez mais, pela sua autonomia pessoal e desejo de emancipação. Entretanto, sem necessariamente induzir ou creditar ao feminismo uma conquista. A conclusão que se chega ao final de um trabalho dessa natureza, é que o poder, sobretudo das mulheres, é algo distante, apostando mais na consciência e na práxis de transformar, do que realmente em dados numéricos. São novos tempos em que os disfarces transformam a dominação em algo tão sutil que se torna quase impossível percebê-la. A “sociedade do espetáculo” determina um diálogo político muitas vezes empobrecido e de mesmices. O patriarcado não mais se insere na lógica do poder absoluto nas mãos de alguns homens, sofrendo profundas mutações, adquirindo novas “roupagens” e características. A sua metamorfose desencadeou a serviço de um poder mais forte e dominador, o capitalismo avançado. Este consegue driblar as mentes humanas e inserir as mulheres em um emaranhado de jogos de interesses e dominações distantes do que seria um “empoderamento” delas com o escopo de haver verdadeiramente a emancipação social e política de todos os seres humanos, em um mundo com equidade e justiça social.