Filho (é) da mãe (?): famílias monoparentais femininas no contexto de uma escola pública em Salvador-Ba

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Amorim, Francismare Oliveira de lattes
Orientador(a): Carrera, Gilca Oliveira lattes
Banca de defesa: Cruz, Izaura Santiago da lattes, Santos, José Eduardo Ferreira
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica do Salvador
Programa de Pós-Graduação: Família na Sociedade Contemporânea
Departamento: Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://ri.ucsal.br/handle/prefix/4659
Resumo: Esta dissertação tem por objeto as famílias monoparentais femininas no contexto de uma escola pública em Salvador-Ba. Para tanto, estabeleceu-se por objetivo geral investigar a monoparentalidade de mulheres-mães em um território de vulnerabilidades como o Subúrbio Ferroviário de Salvador. Para alcançá-lo, foram selecionados os seguintes objetivos específicos: i) identificar as configurações familiares de estudantes matriculados/as no turno vespertino do Colégio Estadual Clériston Andrade; ii) descrever as configurações familiares desses estudantes; iii) investigar as idiossincrasias da maternidade experienciada por mulheres-mães de famílias monoparentais femininas em um território de vulnerabilidades como o Subúrbio Ferroviário de Salvador. Trata-se de um estudo de caso, de natureza quali-quantitativo, de cunho exploratório, na perspectiva etnossociológica, construção epistemológica alicerçada na ecologia de saberes, cuja abordagem está predominantemente forjada na epistemologia feminista negra, mas dialoga com o feminismo marxista de Heleieth Saffioti. Balizaram as discussões: Sueli Carneiro, bell hooks, Patrícia Collins, Angela Davis, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Oyèrónkẹ Oyěwùmí, Ochy Curiel, Boaventura de Sousa Santos, Walter Mignolo, Joaze Bernardino-Costa, Nelson Maldonado-Torres e Ramón Grosfoguel. No que diz respeito às técnicas de investigação, optou-se pela pesquisa bibliográfica e pela pesquisa de campo. A coleta de dados se deu por meio de contatos informais com as mulheres-mães, do questionário de perfil socioeducacional utilizado pela instituição de ensino investigada, bem como meu ponto de vista (outsider within) enquanto pesquisadora e mulher negra oriunda da periferia. Salienta-se que, em razão dos efeitos da pandemia por Covid-19, foi preciso abrir mão da técnica de coleta de dados que permitiria a construção de narrativas de vida das sujeitas desta pesquisa. As mulheres-mães de famílias monoparentais refletiram que a grave crise sanitária, política e econômica instaurada no país incide com maior força na população negra, pobre, periférica, maiormente de mulheres, ratificando que as desigualdades sociais e raciais do Brasil estão abancadas em uma matriz de opressão interseccional colonial, patriarcal e classista. O afastamento da escola imposto pelo novo coronavírus trouxe novas formas de interação e, concomitante, corroborou sua importância física como rede de apoio para essas famílias. Filhos e filhas ‘são da mãe’, porque elas são as principais provedoras de cuidados e recursos econômicos, como comprovam o número predominante de configurações familiares propriamente monoparentais femininas. A diversidade de configurações familiares encontrada demonstra que essas crianças e adolescentes são dos/as avôs/ós, dos/as tios/tias, dos/das primos/as, da vizinhança, da escola, da comunidade, uma vez que esses vínculos são, além de laços de solidariedade, amor, amizade, estratégias de sobrevivência e, porque não, resistência a um Estado que lhes nega direitos, que tem políticas de assistência social insuficientes e/ou ineficazes.