Uma análise dialógica da arquitetônica do gênero acadêmico dissertação : estudo de caso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Guimarães, Fernanda Taís Brignol
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Catolica de Pelotas
Centro de Ciencias Sociais e Tecnologicas#
#-8792015687048519997#
#600
Brasil
UCPel
Programa de Pos-Graduacao em Letras#
#8902948520591898764#
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/tede/477
Resumo: Esta Dissertação tem como objetivo principal realizar uma reflexão a respeito da construção “arquitetônica autoral” (SOBRAL, 2006) da dissertação de mestrado intitulada Quem forma quem? Instituição dos sujeitos, de autoria de Rosaura Angelica Soligo, que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unicamp, tendo sido defendida no ano de 2007. A dissertação de Soligo (2007) consiste em um exemplar de trabalho acadêmico não convencional, já que é formada composicionalmente por um conjunto de cartas endereçadas a interlocutores reais. Com a observação e análise dessa dissertação não convencional, busco mostrar as relações existentes entre texto, discurso e gênero, a fim de comprovar a tese de que não está no texto a chave de realização de um gênero, mas em seu projeto enunciativo e nas relações enunciativas que se estabelecem entre os interlocutores nas diferentes esferas de uso da linguagem. Assim, busco responder a seguinte questão: se e como é possível que um trabalho constituído composicionalmente por cartas de cunho dito pessoal realize arquitetonicamente o gênero acadêmico dissertação. As bases teóricas do estudo estão calcadas, principalmente, nos dois principais pilares da concepção bakhtiniana de linguagem, quais sejam: dialogismo e gêneros do discurso. Desse modo, busco mostrar que os gêneros nascem das relações dialógicas da linguagem e que, portanto, são mutáveis de acordo com as necessidades dos falantes que os mobilizam no âmbito de cada esfera de atividade humana, não podendo ser reduzidos a meras textualidades. Logo em seguida, abordo alguns pressupostos teórico-metodológicos de construção dos gêneros acadêmicos, por ser esse meu objeto de análise, faço uma discussão sobre os diferentes gêneros carta, a partir da definição de constelação de gêneros de Araújo (2006) e apresento uma reflexão sobre a pesquisa narrativa ou autobiográfica, metodologia utilizada pela autora da dissertação analisada. Faço, ainda, uma contextualização sobre outros trabalhos acadêmicos não convencionais a que tive conhecimento durante o mestrado, bem como sobre a dissertação Quem forma quem? Instituição dos sujeitos. O percurso metodológico adotado para a análise da dissertação centra-se nas seguintes questões: 1) posição enunciativa e endereçamento do discurso; 2) o uso das formas composicionais da carta e o tom do discurso; 3) as marcas de narrativa e o tom do discurso; 4) o tom das cartas e as seções típicas do gênero acadêmico dissertação; 5) as marcas linguísticas e enunciativas responsáveis por revelar a significação e o tema; 6) as diferentes vozes presentes/constituintes no/do discurso e 7) os elementos de intertextualidade, interdiscursividade e intergenericidade envolvidos na construção da arquitetônica autoral da dissertação. Como resultado da pesquisa, a análise da dissertação mostrou que por meio do uso das formas composicionais da carta e de marcas da narrativa, a pesquisadora cria uma forma de interlocução direta e, por vezes, subjetiva, o que contribui para uma alteração do tom do discurso. A forma composicional da dissertação contribui ainda para que haja uma maior dialogicidade, em que uma multiplicidade de vozes podem ser ouvidas e há uma organização peculiar dessas vozes na construção do todo discursivo. Porém, mesmo sob outra forma composicional (a da carta), o que continua sendo realizado são as seções típicas de um trabalho acadêmico convencional, ou seja, a presença de marcas típicas da carta e da narrativa, não altera a finalidade enunciativa do texto, que continua fazendo parte de um dado gênero (o gênero acadêmico dissertação). A relação enunciativa que se estabelece e o projeto de dizer realizam o gênero acadêmico dissertação e não uma coletânea de cartas. Isso mostra como é possível usar as formas típicas de um gênero em outro, sem que com isso haja necessariamente alteração do projeto enunciativo do gênero no âmbito do qual se produzem enunciados.