O discurso da falta e do excesso : a automutilação
Ano de defesa: | 2016 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Catolica de Pelotas
Centro de Ciencias Sociais e Tecnologicas# #-8792015687048519997# #600 Brasil UCPel Programa de Pos-Graduacao em Letras# #8902948520591898764# |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/tede/473 |
Resumo: | Tomamos o corpo afetado por um sintoma que vem aumentando gradativamente nos últimos anos entre os jovens: a automutilação. Entendendo que se faz necessário compreender que prática é essa que o sujeito investe em seu corpo, mobilizamos, em nosso corpus empírico, material teórico oriundo da Psicanálise em sua articulação com a Análise de Discurso pêcheuxtiana. A AD trabalha com as estruturas-funcionamento, ideologia e inconsciente, que se encontram materialmente ligadas na ordem do significante da língua. Isso significa dizer que, nos processos de constituição do sujeito pela linguagem, o inconsciente e a ideologia são inseparáveis. A presente pesquisa visa à compreensão do discurso inscrito literalmente no corpo do sujeito. O corpo, de acordo com a perspectiva adotada no presente trabalho, é percebido não como objeto empírico, mas como materialidade significante, como objeto discursivo. É o corpo dominado pela linguagem que não escapa da interpelação ideológica, corpo desejante e desejado simbolicamente, que consome e é consumido, corpo (trans)formado, corpo submetido ao poder, culturalmente construído, corpo dócil e submisso, mas que também resiste simbolicamente, corpo que fala e se esconde e que se manifesta em diferentes práticas discursivas. Vista historicamente a construção do corpo através da estética, da religiosidade, do consumo e da sexualidade demonstra a fragmentação dos sujeitos, sujeitos vazios, jovens vazios, angustiados, sozinhos, rejeitados, insatisfeitos com sua aparência física e existência, que não se reconhecem na passagem para a vida adulta. Daí a automutilação, um ritual perturbado, uma tentativa de autocontrole, de distribuição de poder, de sacrifício para obter salvação, um ato simbólico de transgressão, uma tentativa de discursivizar a angústia que o sujeito sente em decorrência do assujeitamento à forma-sujeito contemporânea. Nossa proposta é tomarmos o corpo como lugar de observação de sentidos, no caso específico da automutilação, e identificarmos de que forma, através de elementos linguísticos e enunciativos retirados de enunciados do Facebook, esse sintoma é discursivizado. Isso será realizado através do emprego de estratégias operacionais que visam à dessintagmatização linguística e enunciativa, permitindo a identificação de elementos do nível interdiscursivo e sua articulação na materialidade significante. Os enunciados, referentes à inscrição impiedosa e dolorosamente literal no corpo através da automutilação, possuem pistas indicativas do funcionamento de sentidos que oscilam, na materialidade linguística e no corpo, um discurso oscilante, e do movimento exacerbado de autopunição que cria a “necessidade” de uma configuração corpórea diferenciada, submetida à sensação de domínio e poder sobre o próprio corpo de um sujeito que, pela falta de uma falta, busca o gozo excessivo. |