Excesso e produção de instabilidade: uma análise do discurso de organização dos Jogos Rio 2016
Ano de defesa: | 2017 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Catolica de Pelotas
Centro de Ciencias Sociais e Tecnologicas# #-8792015687048519997# #600 Brasil UCPel Programa de Pos-Graduacao em Letras# #8902948520591898764# |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/690 |
Resumo: | Na presente pesquisa, a partir do referencial da Análise de Discurso Pêcheuxtiana, examinamse fatos de linguagem relativos à produção de sentidos sobre os organizadores e o trabalho de organização em um relato institucional dos preparativos para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Esses fatos são reconhecidos como formas de excesso com base na sistematização teórico-metodológica de Ernst-Pereira (2009), mas problematizados quanto ao funcionamento discursivo que essa mesma reflexão prevê. Assim, propõe-se que o excesso, cujo funcionamento previsto concerne à estabilização de sentidos e ao estabelecimento da relevância de saberes interdiscursivos, pode funcionar também produzindo instabilidade. Com preocupação diacrônica, conduz-se o estudo por meio da configuração de um construto teórico denominado “Discurso de Organização dos Jogos Rio 2016” (DO 2016) e da análise de sequências discursivas extraídas de um corpus de arquivo constituído de formulações do presidente do comitê organizador durante o período dos preparativos (2009-2016). Assumindo a premissa que interpretações feitas sobre o Brasil têm implicações na interpretação do trabalho organizatório, argumenta-se que o excesso consiste em efeito material do modo como tensões circunstanciais e sócio-históricas atravessam a “Formação Discursiva da Organização” (FDO), sítio de significância a partir do qual o organizador em questão se constitui em sujeito do DO 2016 e que é instaurado com o acontecimento histórico da eleição do Rio de Janeiro como cidade-sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. As tensões circunstanciais resultam de alternâncias conjunturais nacionais do período; as sócio-históricas decorrem da discrepância entre sentidos depreciativos que já constituem um imaginário sobre o Brasil e aqueles que os organizadores reivindicam para significar positivamente o trabalho desenvolvido e, direta ou indiretamente, (re)significar o País. Portanto, em sua face estabilizadora, o excesso sinalizaria para uma interpretação preservada de associações indesejáveis tanto com sentidos desfavoráveis devido às oscilações conjunturais quanto com aqueles que se constituíram historicamente e hoje vigoram no imaginário social. No entanto, constata-se a formação de pontos de acumulação instáveis (PÊCHEUX apud MALDIDIER, 2003) no modo de o sujeito enunciador se representar, via recorrência de emprego da primeira pessoa do plural, e no modo de representar o trabalho de organização, por meio de continuidades e descontinuidades na produção de expansões léxicosintáticas e de hesitações e reformulações genéricas em torno de determinados significantes. No primeiro caso, o excesso desestabiliza efeitos de homogeneidade de vozes e de socialização da responsabilidade pela organização dos eventos; no segundo, compromete a estruturação/regularização de outra rede de enunciados que funcione como memória discursiva. A pesquisa traz indícios de que a imaginária sustentação, via excessos, da consistência conceitual de uma posição-sujeito perante tensões que constituam e afetem a configuração de uma formação discursiva pode, inadvertidamente, produzir uma instabilidade interna ao trabalho discursivo com os sentidos. |