Transexualidade, cinema e linguagem: dialogando com Kátia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Gonçalves, Cássia Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Catolica de Pelotas
Letras
BR
Ucpel
Mestrado em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/tede/379
Resumo: Pretendo dialogar, através deste trabalho, com os olhares epistêmicos das teorias de gênero (gender), feminista, queer, dialógica, cultural, crítica e transdisciplinar a fim de observar/interpretar a trajetória de Kátia Tapety, pessoa/personagem central do longa-metragem documental que será analisado nesta pesquisa, uma vez que está relacionado à construção identitária desta transexual construída discursivamente. O gênero cinematográfico é um artefato cultural/discursivo, no qual posicionamentos políticos e ideológicos são negociados, carregando em si marcas de gênero, sexualidade, classe etc. Por filiar-se a uma perspectiva da Linguística Aplicada indisciplinar e transdisciplinar (MOITA LOPES, 2008), esta pesquisa buscará direcionar seu olhar para aqueles/as que, de um modo ou de outro, ficam nas margens sociais, neste caso específico os/as travestis e transexuais. Isto significa observar uma série de pressupostos teórico-metodológicos: linguagem (BAKHTIN, 2006), cultura (WILLIANS, 1969), relações de poder (FOUCAULT, 2011), habitus (BOURDIEU, 2007), performatividade (BUTLER, 2013), dentre outros. Por meio de uma análise dialógica, verifico que o discurso de/sobre Kátia configura-se em um rompimento com o discurso naturalizado existente sobre a linearidade entre sexo-gênero-sexualidade, quando esta sai pelas ruas de sua cidade à vontade, veste-se como gosta e age em luta por seus direitos e cumpre seus deveres como cidadã. Entretanto, quando para feminilizar-se , busca auxílio masculino para o trabalho mais rude na roça, dar alimento aos animais, anseia por um relacionamento amoroso, Kátia mantém o habitus, o estereótipo patriarcal de sexualidade feminina. Creio, por fim, que talvez seu olhar sobre o feminino e o masculino esteja ainda muito dicotômico, estanque e um pouco suplantado, embora reconheça que o desvincular-se da norma sexual binária não seja uma atitude simples, dentro de sua realidade Kátia procura enquadrar-se em estereótipos mais ou menos esperados para os gêneros em que transita.