O efeito moderador do temperamento na relação entre trauma na infância e níveis séricos de Interleucina-1β em jovens adultos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: BOCK, Bertha Cristina Bueno
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Catolica de Pelotas
Centro de Ciencias da Saude
Brasil
UCPel
Programa de Pos-Graduacao em Saude Comportamento
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/822
Resumo: O trauma na infância, como um tipo de estresse precoce, tem sido associado à alterações na resposta imune que podem durar até a idade adulta. Neste contexto, a interleucina-1β (IL-1β) surge como uma citocina pró-inflamatória com papel central na imunidade inata e na resposta ao estresse. Além disso, considerando as diferenças de temperamento na suscetibilidade ao estresse e na disfunção imunológica, estudos que investigam a interação complexa entre esses fatores são escassos. Portanto, o objetivo do presente estudo é avaliar o papel moderador do temperamento emocional na relação entre trauma infantil e níveis séricos de IL-1β em jovens adultos. Este é um estudo transversal composto por uma amostra de 325 indivíduos, homens e mulheres com idades entre 18 e 35 anos, inscritos em um estudo de base populacional realizado na zona urbana de Pelotas. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em Pesquisa da UCPel (protocolo 2010/15) e todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para características da amostra foi aplicado um questionário sociodemográfico padrão, o Questionário de Trauma na Infância (CTQ) para avaliação da severidade do trauma de acordo com os escores totais, e a Escala Composta de Temperamento Afetivo e Emocional (AFECTS) para avaliação dos traços de temperamento. Amostras de sangue foram coletadas durante a entrevista e as dosagens de IL-1β foram realizadas em amostras de soro pelo método Enzime-linked immunossorbent assay (ELISA). Com relação às análises estatísticas, foi utilizada análise univariada para descrição das características da amostra e o teste one way-ANOVA seguido da análise post-hoc Bonferroni foi utilizado para comparação de médias entre os grupos. As variáveis contínuas que apresentaram distribuição assimétrica foram log-transformadas antes da análise ou analisadas pelo teste de correlação de Spearman. A análise de moderação foi realizada por regressão linear, usando o método dos mínimos quadrados ordinários, para avaliar o efeito das 8 características do temperamento nos níveis de IL-1β, de acordo com a gravidade do trauma na infância. Para medir o tamanho e a direção do efeito, foram calculadas a regressão β e a variância explicada (medida em termos de η2). Os modelos foram ajustados com as seguintes variáveis de confusão: IMC, tabagismo, sexo e uso de medicamentos. As análises mencionadas foram realizadas no pacote estatístico SPSS 21.0 e no Python. Valores de p≤0,05 foram considerados estatisticamente significativos. Nossos principais resultados indicaram um aumento dos níveis séricos de IL-1β associados à gravidade do trauma (p<0,01), e a variância da raiva pôde explicar 29% do aumento da IL-1β em indivíduos que sofreram trauma severo (p<0,05). O efeito moderador da raiva foi consideravelmente mais forte nos homens do que nas mulheres (46% e 25%, respectivamente). Além disso, a variância da sensibilidade também explicou 15% do aumento da IL-1β (p<0,05), bem como a variância da vontade explicou 11% da diminuição da IL-1β (p<0,05) em indivíduos que sofreram trauma grave. Nossos resultados indicam que determinados traços de temperamento emocional podem moderar o impacto do trauma na infância nos níveis séricos de IL-1β em jovens adultos.