Motivações e experiências de uso da profilaxia pré-exposição ao HIV em mulheres profissionais do sexo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Nunes, Rosane Leite lattes
Orientador(a): Zucchi, Eliana Miura lattes
Banca de defesa: Unsain, Ramiro Fernandez, Bernardes, Luzana Mackevicius
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Católica de Santos
Programa de Pós-Graduação: Mestrado em Saúde Coletiva
Departamento: Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://tede.unisantos.br/handle/tede/7921
Resumo: Introdução: A epidemia de HIV/Aids no Brasil está concentrada em alguns segmentos populacionais associados à maioria de casos novos de infecção, a exemplo das profissionais do sexo. Diante dessa realidade, o MS incluiu esse segmento na oferta da PrEP, classificando-o como população-chave, devido à sua alta vulnerabilidade. A profilaxia pré-exposição (PrEP) é amplamente estudada, comprovadamente eficaz e, desde 2017, integra a Prevenção Combinada no Brasil. O presente estudo justifica-se devido ao pouco conhecimento dessa profilaxia, apontando a necessidade de pesquisas sobre a importância e eficácia dessa medicação, para alcançar ampla cobertura e, consequentemente, melhorar as políticas de prevenção para essa população. Objetivo: Compreender a experiência de uso da profilaxia pré-exposição ao HIV entre mulheres profissionais do sexo. Procedimentos metodológicos: Os dados foram coletados entre agosto de 2018 e abril de 2019, na cidade de São Paulo, como parte de uma investigação qualitativa inserida no contexto do Estudo Combina!, ensaio pragmático realizado em serviços de saúde especializados em HIV/Aids localizados em São Paulo, Fortaleza, Ribeirão Preto, Porto Alegre e Curitiba. Trata-se de um estudo qualitativo de abordagem etnográfica, sendo utilizado para análise dos dados empíricos o instrumental de entrevistas semiestruturadas, com mulheres profissionais do sexo que faziam ou fizeram uso da profilaxia pré-exposição. O processo analítico envolveu imersão no material empírico, codificação e por último categorização: (1) Motivações identificadas em relação ao início e continuidade da PrEP; (2) Estigmas associados à prostituição e à aids que se articulam nas experiências de uso da PrEP. Resultados: Foram entrevistadas 18 mulheres cis, profissionais do sexo, com idade entre 21 e 44 anos. No que se refere à raça/cor, a maior parte das mulheres se reconheceu como brancas, correspondendo a 12 entrevistadas, 3 (três) se autodeclararam pretas/negras e 3 (três) como pardas. Em relação à PrEP, o reconhecimento da exposição e da vulnerabilidade ao HIV continua sendo uma experiência inevitável, compartilhada pelas profissionais do sexo. Foram várias as motivações que fizeram com que fossem em busca da profilaxia. Situações como multiplicidade de parceiros, alta frequência do ato sexual, rompimento de preservativos e transas com pessoas desconhecidas, foram motivos que fizeram com que aderissem à PrEP. As mulheres também expressaram algumas situações desfavoráveis que dificultaram manter a adesão, ou a assiduidade do tratamento, como o uso de álcool ou drogas e os efeitos colaterais em algumas delas, normalmente no início da adesão. O uso da PrEP levou as participantes ao medo de serem discriminadas como PVHA e terem sua vida profissional divulgada. Esconder o uso da PrEP foi uma estratégia para protegerem-se de comportamentos estigmatizantes. Conclusão: As experiências de uso da PrEP entre as mulheres profissionais do sexo neste estudo possibilitou entender as dificuldades e as motivações de adesão à profilaxia, confirmando a importância de investimentos em divulgação sobre a disponibilidade da PrEP no SUS, para que a população em geral e a população vulnerável tenha conhecimento dessa importante profilaxia, e, consequentemente, mitigar o estigma relacionado à prostituição e à aids, a fim de promover e proteger os direitos humanos das mulheres.