Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Silva, Francisco Andesson Bezerra da
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Orientador(a): |
Barros, Cláudia Renata dos Santos
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Banca de defesa: |
Barros, Cláudia Renata dos Santos,
Martins, Lourdes Conceição,
Sobreira, Maura Vanessa Silva |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Católica de Santos
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Programa de Pós-Graduação: |
Mestrado em Saúde Coletiva
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Departamento: |
Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Saúde
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://tede.unisantos.br/handle/tede/6421
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Resumo: |
Objetivos: Este estudo teve por objetivos: Estimar os fatores associados à violência vivenciada por travestis no contexto familiar; compreender o processo de violência vivenciada no cotidiano familiar das travestis e identificar os tipos de violência prevalentes que as travestis enfrentam no âmbito do convívio familiar. Método: Tratou-se de estudo transversal que integra o projeto mais amplo intitulado de ¿Igualdade, Saúde, Tolerância: construindo pontes no Universo das Travestis, Transexuais e Transgêneros¿, cuja coleta de dados, se deu por meio de uma amostra de conveniência. O questionário foi enviado via Redes Sociais (Facebook), no período de fevereiro a abril de 2017. O presente estudo foi realizado com subamostra de 672 travestis e a variável dependente analisada foi a violência no contexto familiar, categorizada em ¿física/sexual¿, ¿verbal/psicológica¿ e ¿nenhuma¿. As variáveis independentes foram: sexo de nascimento, faixa etária, raça/cor, estado civil, religião, escolaridade, orientação sexual, aceitação familiar e ter sido expulsa de casa. Todas as variáveis foram descritas por meio de frequência absoluta e relativa. Para a análise dos fatores associados foi utilizada a Regressão Logística Multinominal. No modelo final são mantidas as variáveis significativas. O nível de significância adotado foi 5%. Resultados: Os resultados apontaram que a variável Idade é um fator relevante na determinação da violência familiar, seja de cunho psicológico e física e/ou sexual. Sobre a Escolaridade foi demonstrado que há maiores chances da ocorrência da violência em pessoas com menor grau de instrução, sendo o investimento em capital humano por meio da qualificação nos estudos, um fator de proteção a violência. A maior parte dos indivíduos pesquisados não terminou a educação básica, apenas 3,72% possuíam ensino superior completo, condição que está intimamente relacionada com a violência familiar, seja ela psicológica ou física. A probabilidade de que alguma travesti sofra violência psicológica é 5,66 vezes maior para aquelas que sentem medo de assumir sua identidade. O mesmo ocorreu para a violência física e sexual (OR = 4,04). A porcentagem de travestis que afirmou ser tranquilo assumir sua identidade foi aproximadamente 6,27%. A maioria achou complicado e teve medo, totalizando juntos mais de 68% do total de entrevistados. Com relação à variável Expulsa (a) de casa, o estudo demonstrou que o fato de uma travesti que foi expulsa de casa sofrer violência física e/ou sexual é quase 3,96 vezes maior do que aquelas que tiveram alguma aceitação familiar no modelo bruto e 3,09 vezes maior no modelo ajustado. Foi visto ainda que 33,63% do total das travestis pesquisadas foi expulsa de casa. A respeito da variável Profissão, as travestis que trabalham como profissionais do sexo apresentaram maiores chances de sofrerem violência física e/ou sexual (OR = 2,81). Além disso, as profissões como telemarketing (OR = 6,75) e Agente de prevenção (OR = 4,02) também apresentaram probabilidades significativas. Entretanto, após a inclusão do modelo ajustado, nenhuma das profissões não exerceu influências significativas nos tipos de violência. Conclusão: Os dados observados apontam que o cotidiano das travestis ainda é marcado por preconceito, discriminação e violência, principalmente no que diz respeito à família e aos espaços sociais em que as mesmas transitam, perpassando pela dificuldade de acesso a empregos formais e inserção a espaços de formação acadêmica. Nesse sentido, é de extrema importância a implementação de políticas públicas direcionadas não apenas para a prevenção de doenças e o combate à exploração sexual, mas também para políticas de inclusão na família, escola e no trabalho. |