[en] CLIMATE CHANGE AND ONTOLOGICAL (IN)SECURITY IN THE MARSHALL ISLANDS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: BEATRIZ RODRIGUES BESSA MATTOS
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=49053&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=49053&idi=2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.49053
Resumo: [pt] A presente tese visa analisar como questões relacionadas ao meio ambiente - em especial, às mudanças climáticas - interagem com os entendimentos locais acerca da segurança, em comunidades que se mostram profundamente afetadas por esses problemas e que, ao mesmo tempo, encontram-se profundamente excluídas dos debates teóricos de segurança. Em meio aos Estudos de Segurança Internacional (ESI), a crise climática persiste em ser analisada a partir de uma dinâmica estadocêntrica, militarizada e de nós x outros. Quando não é esse o caso, os desafios ambientais são enquadrados a partir de uma lógica de segurança humana, animada por um entendimento moderno e liberal acerca do que a segurança deveria ser e, portanto, desconsiderando entendimentos e necessidades locais. (Shani, 2017). Ao focar em narrativas não-científicas sobre segurança, esta tese visa expor as contingências dos discursos hegemônicos verificados em meios aos ESI que, longe de se mostrarem racionais e fundamentados em uma descrição autêntica da realidade, contribuem para agravar os desafios enfrentados por alguns indivíduos, como os Marshalleses. Animados pelos discursos racionais promovidos por pensadores realistas e dos estudos estratégicos, durante a Guerra Fria, as Ilhas Marshall se tornaram palco de testes de 67 armas termonucleares. Tais armas – consideradas pelos teóricos e pelos policy-makers como fonte de poder e como meio legítimo de se obter segurança – vaporizaram ilhas, forçaram a evacuação permanente de comunidades, romperam com a organização social matriarcal e baseada na posse de terras característica das Ilhas Marshall e com os laços ancestrais entre indivíduos e seus atóis. Mais recentemente, o arquipélago e seus habitantes se mostram novamente em risco, dessa vez, não pelas práticas de segurança das superpotências, mas por uma ameaça não intencional e despersonalizada. As mudanças climáticas se caracterizam como a mais recente forma de intervenção, sendo precedidas por uma longa lista de práticas coloniais e violentas direcionadas ao arquipélago. Como uma nação constituída por atóis, é muito provável que, como resultado dos efeitos climáticos, as Ilhas Marshall se tornem inabitáveis ainda ao longo deste século. Para os Marshalleses, tal cenário significaria uma perda incomensurável em termos territoriais, espirituais e culturais. Ao analisar casos como o das Ilhas Marshall, a tese busca explorar quais novos significados e racionalidades de segurança podem emergir, ou se tornar mais proeminentes, face aos desafios trazidos pela mudança do clima. Desta forma, a teoria da segurança ontológica é apresentada como um marco teórico fértil para analisar casos em que o que parece em risco não é apenas a segurança física de estados nacionais, indivíduos e ecossistemas, mas também a preservação de espaços sociais e materiais e de um senso de continuidade biográfica. (Giddens, 1990) A partir deste movimento crítico, busca-se enfatizar outros modos de se refletir e de se vivenciar a (in)segurança, de modo a lançar luzes sobre como o significado deste conceito mostra-se indissociável dos contextos políticos, culturais e emocionais em meio aos quais os discursos de segurança emergem.