[pt] DA DESUMANIZAÇÃO E DA NORMA: A CONSTRUÇÃO SOCIAL DAS NOÇÕES DE VADIO E VAGABUNDO EM MEIO AS ATRIBULAÇÕES DA FABRICAÇÃO DO ESTADO-NAÇÃO NO BRASIL (1870-1900)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: ANTONIO REGUETE MONTEIRO DE SOUZA
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=16565&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=16565&idi=2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.16565
Resumo: [pt] O objetivo geral de nosso trabalho foi investigar, dentro de uma perspectiva genealógica (Foucault, 2006), os diferentes aspectos e fatores socioculturais, presentes na construção social do fenômeno das crianças e jovens pobres que usam as ruas da cidade do Rio de Janeiro, como meio de sobrevivência e/ou moradia; reconhecidas conceitualmente como crianças e jovens em (situação de rua). A busca por um entendimento da genealogia desta problemática nos levou a investigação histórica e, por conseguinte, a delimitação temporal das três últimas décadas do século XIX como foco da nossa investigação. A impossibilidade de transportar o conceito atual de crianças e jovens em (situação de rua) para aquele período nos levou a eleger as categorias de (vadio) e (vagabundo). Estas categorias foram eleitas, por serem de possível averiguação em documentos históricos e, pela semelhança e aproximação da dinâmica social (indivíduo- Estado-sociedade) com a população em (situação de rua) do século XXI, na cidade do Rio de Janeiro. Nesta perspectiva, este trabalho se propõe a analisar a construção social das noções de (vadios) e (vagabundos), através de nosso personagem: crianças e jovens recolhidas das ruas do Rio, no fim do século XIX, por motivo de (vadio) e (vagabundo). A partir deste contexto urbano, discutimos sob que aspectos a idéia de (progresso) e (civilização) centrada na instauração da (ordem) social e urbana se coadunam com a construção social das noções de (vadio) e (vagabundo). Consideramos, ainda, como se estruturaram os discursos e práticas do Estado e sociedade no controle e repressão destes comportamentos e modos de vida, ao enxergá-los como expressões das idéias de ócio, vicio e imoralidade, ligados ao fenômeno da pobreza e a produção de perigos. Focamos também em nossa análise, a maneira pela qual a necessidade de fabricação do Estado-nação brasileiro e a experiência social do cativeiro - que significavam nos planos, real e abstrato produzir uma identidade nacional e conceber a (modernidade) – se inscreveram na arquitetura dos significados presentes na construção social das noções de (vadio) e (vagabundo). Nesta perspectiva, descrevemos as características das crianças e jovens pobres recolhidos dos espaços públicos, nos últimos trinta anos do século XIX na cidade do Rio de Janeiro, por motivo de vadiagem e ou vagabundagem. Abordamos também, a forma pela qual a construção social das noções de (vadio) e (vagabundo), ao serem impregnadas por uma idéia mais geral e abstrata de incorrigíveis, tipificadas dentro de um (estado) de comportamentos ou modos/meios de vida considerados (anormais) e perigosos, passa a justificar a institucionalização de práticas e discursos desumanizantes. Por fim demonstramos o papel central da polícia na institucionalização de discursos e práticas destinados aos pobres considerados perigosos. E, construímos argumentos que descortinam novos horizontes em relação ao processo histórico de construção da assistência na cidade do Rio de Janeiro.