[en] IN SEARCH OF THE THIRD SHORE: TRACES OF THE SERTÃO IN THE BRAZILIAN SYMBOLIC PRODUCTION FROM MODERNITY TO CONTEMPORANEITY

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: CINTIA BORGES ALMEIDA DA FONSECA
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=67184&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=67184&idi=2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.67184
Resumo: [pt] Com bordas móveis, o sertão parece ajustar-se à plasticidade imaginária do seu tempo, encenando em seu território disputas estéticas, éticas e políticas que o demarcam, forjando novas e sempre fluidas fronteiras para a região. Este trabalho propõe um percurso crítico pela cartografia simbólica do sertão, da modernidade à contemporaneidade, seguindo o traçado proposto por alguns escritores e um cineasta que forjaram imagens constituintes da região. A análise parte do esforço empreendido por artistas que, em tempos e modos distintos, ousaram aproximar paisagem e linguagem para estabelecer – ou propositalmente desbordar – um esboço e um contorno para o sertão. A pesquisa se inicia pelos restos de um sertão monumental, tecido e destecido por Euclides da Cunha e Guimarães Rosa. A proposta é analisar os resíduos da escrita de Os sertões – ou o que ficou perdido entre anotações dos textos marginais e excesso de referências teóricas – para chegar à marginalia produzida por Guimarães Rosa durante a leitura da obra máxima de Euclides e às anotações de viagem coletadas pelo autor mineiro para a escrita de Grande sertão: veredas. Lidos em diálogo, Euclides da Cunha poderia ser o viajante letrado para quem o protagonista de Guimarães Rosa narra o que ficou submerso pelo projeto republicano de silenciamento histórico, fazendo ouvir o silêncio, o instável e o indomável, em uma reflexão radical dos limites do pensamento e da linguagem. Puxando o fio de um sertão feito de letras, investigam-se autoras que reviram do avesso esse interior estranho e estrangeiro ao restante do país deslocando-o para as margens das grandes cidades e de existências miseráveis; que se esforçam para circunscrever o vazio demarcando-o com palavras, enquanto revelam a condição estrutural da falta e do impossível de (d)escrever. Clarice Lispector (A hora da estrela), Marilene Felinto (As mulheres de Tijucopapo) e Carolina Maria de Jesus (Quarto de despejo) narram as marcas deixadas por um sertão que chegou à beira das cidades, invadiu ruelas, quartos e barracos na periferia das metrópoles, tatuou corpos e destinos dos herdeiros de uma diáspora. Contraditoriamente, a mesma paisagem que convoca à demarcação de fronteiras é também um convite à ultrapassagem, capaz de pôr em xeque a delimitação de suas margens. Nesse sentido, o lusoangolano Ruy Duarte de Carvalho (Desmedida – Luanda – São Paulo – São Francisco e volta) e o cineasta Glauber Rocha (Deus e o diabo na terra do sol) propõem-se a explorar um mais além que escapa por entre as linhas, cartográficas ou simbólicas; um espaço que porta a dimensão do inalcançável, impulso ao movimento e à travessia. Leitores de Guimarães Rosa e de Euclides da Cunha, ambos se colocam em cena, suturando corpo e linguagem, para produzirem obras de borda – ou litorâneas – que marcam o encontro entre campos híbridos e heterogêneos, preservando suas singularidades. Terceira margem.