Vozes despedaçadas do sertão: violência, misticismo e corporeidade no livro \"Grande Sertão: veredas\", de Guimarães Rosa, e no filme \"Deus e o Diabo na Terra do Sol\", de Glauber Rocha

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Arruda, Ariadne Tadeu Pinheiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-06042021-193824/
Resumo: A presente dissertação teve por objetivo estudar a violência e o misticismo em Grande Sertão: veredas, romance de João Guimarães Rosa, e em Deus e o Diabo na Terra do Sol, narrativa cinematográfica de Glauber Rocha, bem como refletir sobre as disposições da corporeidade em ambas as obras. Estabelecendo aproximações entre as narrativas, investigou-se os modos de caracterização da violência expostos no romance e no filme de maneira a evidenciar como esse elemento se faz presente em contextos de sociabilidade em que prevalecem formas de organização herdadas do sistema colonialista. Além disso, elaborou-se uma reflexão sobre o impacto da violência na constituição subjetiva dos protagonistas, considerando a disposição ambígua da consciência de ambas as personagens. Discutiu-se, ainda, como as temáticas envolvendo a sujeição à morte estariam vinculadas às estéticas pautadas na descontinuidade da narração, isto é, ao uso de uma sintaxe fragmentária na obra literária e a uma montagem cinematográfica baseada no elemento do choque. Por fim, analisou-se como a ocorrência de processos ritualísticos, associados à expiação e à liminaridade, não só influencia a constituição dos protagonistas de Grande Sertão: veredas e Deus e o Diabo na Terra do Sol, mas também impacta as estruturas das obras, sobretudo as temporalidades narrativas. Indicou-se, assim, como o processamento de rituais está atrelado à utilização de procedimentos estéticos relacionados ao conceito de elipse e à construção de uma moldura profética para a jornada das personagens principais. Partiu-se, para o desenvolvimento das interpretações citadas, de premissas da Literatura Comparada, além de teorias elaboradas por Hannah Arendt, Michel Foucault, Walter Benjamin e Mircea Eliade.