[pt] FAMÍLIA RECASADA: O LUGAR DO PADRASTO NA PERSPECTIVA DOS ADOLESCENTES

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: ISABELA TAVARES JUNQUEIRA
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=30396&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=30396&idi=2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.30396
Resumo: [pt] Esta Dissertação teve como objetivo investigar a percepção de adolescentes de famílias recasadas em relação à coabitação com seus padrastos, e ao lugar que estes ocupam na dinâmica familiar. Levando-se em conta o crescente número de recasamentos e face à necessidade de que se estude esta configuração familiar, considerando suas características singulares, foi realizada uma pesquisa qualitativa contando com a participação de oito adolescentes com idades variando entre 14 e 16 anos e que coabitavam com seus padrastros por, no mínimo, quatro anos. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semi-estruturadas. As categorias que emergiram dos relatos dos adolescentes foram: membros da família recasada; cotidiano da família recasada; tarefas domésticas; autonomia; autoridade; conflitos; relações socioafetivas; o pai; nomeação e, por fim, as expectativas em relação ao padrasto. Verificou-se que um fator de importância para se definir os membros da família é a coabitação, e que uma possível característica específica desta configuração é o tempo passado em família reduzido em função dos diversos núcleos familiares dos quais os adolescentes fazem parte e cujas casas frequentam. Os dados sugerem que ainda cabe à mãe a realização de grande parte das tarefas domésticas e os cuidados com os filhos, o que demonstra a permanência dos papéis de gênero tradicionais, ainda que se trate de uma configuração familiar não-tradicional. A visitação à casa paterna não seguiu algum acordo estabelecido pelas figuras parentais, cabendo aos adolescentes a decisão de ir e vir quando assim desejassem. As mães foram identificadas como sendo a principal figura de autoridade, estabelecendo e garantindo o cumprimento das regras. O segundo lugar foi dividido entre o pai e o padrasto, o que sugere uma maior participação paterna na educação e na criação dos filhos após o divórcio e o recasamento. Quanto ao padrasto, os adolescentes justificaram a autoridade do mesmo com a presença deste na casa, mas a qualidade da relação que se estabelece entre eles se mostrou ainda mais importante para que reconheçam a autoridade do mesmo. Constatou-se a predominância de um modelo democrático e igualitário na maneira de lidar com a hierarquia, e a maioria dos conflitos ocorrem quando os jovens questionam as regras ou os limites colocados pela mãe. Maiores conflitos também ocorrem na relação entre os adolescentes e seus padrastos quando estes últimos buscam exercer um papel de autoridade que a eles não foi designado. A função de autoridade do padrasto é conquistada gradualmente, dependendo da relação que estabelece com seu enteado. Quanto ao lugar que o padrasto ocupa na dinâmica familiar, os enteados entendem que ele deve ser como um pai naquele núcleo familiar e esperam ser tratados como filhos. Contudo, mesmo esperando que o padrasto desempenhe uma papel paterno, os adolescentes não desejam que ele substitua a figura paterna e guardam a palavra pai para nomear apenas o pai biológico, optando pelo uso do termo padrasto, para designar o marido da mãe, termo este que não é visto pelos jovens de forma negativa. A presença paterna parece ser um fator de importância para que não se refiram aos padrastos como pai. A maneira com que chamam os irmãos biológicos é a mesma que usam para se referir aos meio-irmãos e, quanto aos irmãos socioafetivos, a qualidade do laço que se constrói entre eles parece ser determinante para a escolha do termo a ser utilizado para nomeá-los. Nas famílias estudadas verificou-se uma lógica de funcionamento que garante a presença do pai e, no que diz respeito ao lugar do padrasto, este é construído de maneira própria e única, adicionando à família e não substituindo o lugar da figura paterna.