[pt] CONFLITO TRABALHO-FAMÍLIA E INTERSECCIONALIDADE: EXPERIÊNCIAS ARTICULADAS DE MULHERES EM CIRCUITOS DE CUIDADO INFANTIL
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
MAXWELL
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=68296&idi=1 https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=68296&idi=2 http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.68296 |
Resumo: | [pt] Esta tese teve como objetivo compreender, por meio de uma análise de narrativa temática interseccional, as experiências de conciliação trabalho-família das diferentes mulheres que compõem circuitos de cuidado infantil. Para atingir esse objetivo, foram realizadas entrevistas com quatro mulheres que realizam a atividade de cuidado em domicílio, de forma remunerada ou não, a crianças de 0 a 6 anos de idade e que fazem parte dos diferentes elos de um circuito de cuidado. Para análise dos depoimentos recolhidos, foi utilizado o método análise de narrativa temática reflexiva, proposto por Braun e Clarke (2022), junto a um modelo analítico de narrativa interseccional, sugerido pela autora deste estudo. Os resultados encontrados foram apresentados em três grandes temas: 1) Peculiaridades Individuais Inseridas em Conjunturas Sociais de Opressão; 2) Configurações e Estratégias em um Circuito de Cuidado; e 3) Conflito Trabalho-Família e Interseccionalidade no Trabalho de Cuidado. Diante da análise de um perfil de entrevistadas heterogêneo, inicialmente, as peculiaridades individuais de cada uma foram apresentadas, e colaboraram para dar visibilidade ao contexto social, que foi pano de fundo para a análise dos outros grandes temas. Em seguida, a análise das configurações do circuito de cuidado (Guimarães, 2020) pesquisado demonstrou o entrelaçamento das diferentes interações que constituem a estrutura de cuidado infantil - destacando quem realiza a atividade de cuidado, qual significado atribui ao trabalho, qual o tipo de relação social é estipulado para realização do trabalho (mercantil ou não mercantil) e qual o modo de retribuição (monetária ou não) está envolvida nessa relação. Foi identificado que as diferentes relações sociais que são tecidas na organização do cuidado infantil garantem que mulheres que são mães e que trabalham fora conciliem as suas demandas de cuidado e profissionais. Nesse sentido, constatou-se que dependente do trabalho de cuidado não é só a criança que é cuidada, mas também quem depende do trabalho de cuidado executado por outras pessoas para trabalhar. Além disso, este estudo ratifica que são as mulheres negras e pobres que realizam a maior parte do trabalho de cuidado no Brasil. Em relação aos resultados do terceiro grande tema, Conflito Trabalho-Família e Interseccionalidade no Trabalho de Cuidado, foram demonstrados os motivos individuais que levam as entrevistadas a vivenciar o conflito trabalho-família, que foram agrupados em três temas: 1) O Acúmulo de Atividades e o Sentimento de Culpa; 2) Barreiras da Vida Familiar; e 3) Obstáculos Ligados ao Trabalho Remunerado. Esses temas surgiram com base na leitura prévia sobre o assunto, mas dois subtemas foram desvelados à posteriori. São eles: 1) Afetos e Desafetos com a Trabalhadora de Cuidado Remunerado, que destacou os conflitos vivenciados pela patroa em relação a trabalhadora de cuidado profissional, que impactam a sua vida profissional; e 2) Os des(Acordos) e os Efeitos do Trabalho Informal, referindo-se aos conflitos experimentados pela trabalhadora doméstica que afetam a sua vida familiar e demonstram a falta de valorização e reconhecimento desse ofício. A análise de narrativas temática interseccional permitiu identificar, de forma relacional, as diferentes relações de poder que estão presentes em um circuito de cuidado, que moldam a forma como as mulheres diversas que o compõem equilibram as demandas do trabalho e da família. Desta maneira, constatou-se que o patriarcado, o racismo e a desigualdade econômica são fatores interligados que privilegiam determinados grupos em detrimento de outros e mantém viva a exploração das trabalhadoras de cuidado (remuneradas ou não). Desvelar esta complexa relação que se estabelece de forma invisível aos que olham, mas é presente aos que a experimentam, as possíveis causas da criação e manutenção das desigualdades sociais são destacadas e se torna possível iniciar um processo de justiça social. Nesse sentido, o presente estudo buscou contribuir : 1) para as organizações, relações de trabalho e estudos de gênero, ao analisar as experiências das diferentes mulheres que realizam atividades de cuidado no seu cotidiano, as relações sociais as quais se envolvem e que as permitem se engajar no mercado de trabalho, os fatores geradores do conflito trabalho-família vivenciado por elas e que impactam o bom desempenho organizacional e, diante disso, criticar a lógica patriarcal dominante responsável pela manutenção da divisão sexual do trabalho; e 2) para a sociedade, com um maior entendimento acerca das experiências desiguais vivenciadas por essas mulheres, provocando uma conscientização acerca do papel das relações individuais, organizacionais e do Estado na organização do cuidado e sua incidência na apropriação do tempo de trabalho e energia das mulheres. Por fim, o estudo buscou explicitar a necessária disponibilização de serviços públicos, tais como: creches públicas, proteção social e acesso à previdência às donas de casa, e garantia de direitos que impeçam a exploração do trabalho doméstico e de cuidado. |