DEUS CIUMENTO: ANÁLISE EXEGÉTICA DE OSÉIAS 2,4-15

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Secretti, Pedrinho Geraldo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Ciências Humanas
BR
PUC Goiás
Ciências da Religião
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://localhost:8080/tede/handle/tede/968
Resumo: O texto bíblico de Oséias 2,4-15, atribuído ao profeta homônimo de Israel, aponta para o fator religioso como o gerador de um estado caótico e injusto na sociedade israelita. O referido texto se utiliza da metáfora do casamento entre o profeta Oséias e uma mulher Gomer para falar da aliança entre o deus YHWH e o povo de Israel. YHWH é apresentado como o esposo fiel, apaixonado, ciumento e único, que não tolera a infidelidade e a liberdade de sua esposa, Israel. A profecia atribuída a Oséias defende a teologia javista, que não tolera competição de nenhuma outra divindade; apresenta-se um deus intransigente que tem ciúmes de seu povo. Haviam fortes conflitos teológicos entre YHWH e Baal, na medida em que o esposo tudo faz para que a esposa não mais se dirija aos amantes cananeus, Baal e baalins, e sim retorne para ele, o esposo. Os cananeus cultuavam divindades como Baal, Aserá e outros. O povo israelita pouco a pouco foi assumindo práticas cultuais cananéias ao deus Baal, senhor e garantidor das chuvas, das estações, das colheitas, da fertilidade dos campos, dos rebanhos e dos corpos humanos. O deus YHWH foi assumindo os atributos de Baal. Deu-se assim a baalização de YHWH. A religião popular atribuía a fertilidade ao deus Baal. No exercício de sua tradição religiosa, o povo atribuía as dádivas a Baal. O Estado monárquico de Israel se apropriou deste culto de YHWH baalizado. Oséias, contudo, entende isso como profanação e prostituição. O YHWH baalizado, na teologia de Oséias, foi facilmente cooptável pelo Estado através do templo (por isso ela era uma teologia funcional). Combatendo a idéia religiosa do imaginário popular, de que Baal era o deus doador da fertilidade, Oséias foi afirmando que o verdadeiro doador da fertilidade é YHWH. Assim a teologia deste texto é ou pode ser funcional aos interesses do Estado, no qual YHWH é o Deus nacional. O texto de Os 2,4-15 impõe, de forma drástica, a exigência da adoração exclusiva ao Deus YHWH, caracterizando a adoração a outras divindades como idolatria e prostituição. Assim se projeta a imagem de um Deus ciumento, monolátrico e quiriarcal. Assume-se que esse texto tradicionalmente vinculado com o profeta Oséias no final do século VIII a.C. teve sua releitura decisiva no século V a.C. em Judá.