Cascatas desenvolvimentais em pré-escolares: estudo longitudinal durante a pós-pandemia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Araujo, Murilo Fernandes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16927
Resumo: Os efeitos cumulativos das transações entre sistemas de desenvolvimento podem ter funções adaptativas ou mal-adaptativas dependendo dos resultados do balanço entre fatores de risco e de proteção nos contextos das crianças. Na Primeira Infância, as cascatas desenvolvimentais podem alterar a autorregulação, influenciando os desfechos acadêmicos e sociais, e de saúde física e mental. Este estudo investigou alguns processos psicológicos significativos à ocorrência de cascatas desenvolvimentais no terceiro ano da pandemia de COVID-19 - o estresse familiar e seu enfrentamento pela criança em idade pré-escolar, seus problemas emocionais e de comportamento, e o estilo parental, segundo a percepção dos pais. Durante o ano de 2022, 162 pais de crianças entre 4 e 6 anos de idade responderam de forma online a três ondas de coleta de dados sobre como seus filhos lidaram com o estresse familiar (Responses to Stress Questionnaire-Family Stress-PR), a influência parental no enfrentamento da criança (Parent as Social Context Questionnarie - QEDP), e as dificuldades e capacidades da criança (Strengths and Difficulties Questionnaire – SDQ- versão dos pais), além de dados sociodemográficos. Foram feitas medidas de estatística descritiva e a análise de rede para verificar as relações entre as variáveis. Nesse ano de retorno às aulas presenciais, o estresse familiar aumentou ao longo das três ondas, sendo os problemas escolares e de relacionamento com os pais os estressores mais relatados. As crianças apresentaram aumento em todas as categorias de dificuldades emocionais e comportamentais, destacando-se os sintomas emocionais, além de níveis baixos e constantes nos indicadores de comportamento pró-social, com as meninas apresentando mais problemas de relacionamento. As respostas involuntárias de estresse tiveram níveis crescentes nas três ondas, com um decréscimo de respostas voluntárias de enfrentamento, especialmente nas crianças de 5-6 anos e nos meninos, mas todas percebendo-se com pouco controle da situação, segundo seus pais. Houve uma pequena diminuição no uso do estilo parental “democrático” e um aumento no uso do estilo “autoritário”, especialmente com as crianças mais velhas. O estilo autoritário contribuiu para pior funcionamento familiar e dos níveis de estresse familiar, e para desfechos negativos; e o estilo democrático foi o que mais contribuiu para melhores indicadores. Respostas mal-adaptativas ao estresse e dificuldades emocionais e comportamentais das crianças estavam se retroalimentando, indicando possíveis cascatas desenvolvimentais com efeitos negativos. Na O3, o aumento do uso do estilo parental autoritário, com mais hostilidade verbal, coerção e punição, pode estar associado ao aumento da frequência das dificuldades apresentadas pela criança. O Engajamento por Coping de Controle Secundário (aceitação, distração, reestruturação cognitiva e pensamento positivo) apresentou alta conectividade negativa com essas categorias, sugerindo o estilo parental como possível foco para intervenção. Os dados indicaram que, de forma transacional, os pais foram também afetados pelos estressores familiares, pelas dificuldades dos filhos e desfechos negativos das cascatas desenvolvimentais, alterando seu papel de corregulador do desenvolvimento. Esses resultados contribuem para a compreensão dos intrincados processos que ocorrem nessa etapa de desenvolvimento, especialmente em contexto da pandemia, subsidiando intervenções futuras com foco na maximização dos fatores de proteção relacionados a esses processos.