A “semântica do mal” na imprensa ultramontana no Brasil da segunda metade do século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Leonardo Henrique de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/17154
Resumo: No campo político-social, o Brasil do século XIX vivenciou uma específica experiência de modernidade, acompanhada por profundas mutações conceituais, que tentara expressar as reconfigurações nos nexos entre religião e política, tensionados, sobretudo, após os acontecimentos associados à Questão Religiosa (1872-75). Neste cenário, ao passo em que se observava a diminuição de sua participação política direta, clérigos e leigos ultramontanos, ancorados em diretrizes pontifícias, tomariam a imprensa católica como instrumento central na defesa de seus projetos, tanto para a manutenção de sua influência junto à sociedade civil, quanto no combate aos então considerados inimigos da Igreja. Assumindo uma tonalidade discursiva de tendência maniqueísta, os periódicos católicos então editados acolheram e reconfiguraram uma longeva rede semântica em torno do “mal”. Notadamente mobilizaram uma série de conceitos, metáforas e representações que, além de remeterem à sincronia das novidades inauguradas remetiam à sua dimensão diacrônica, sobretudo quanto às tendências teológicas referendadas pelo catolicismo ortodoxo. Isto posto, a presente investigação busca averiguar quais – e sob quais sentidos – conceitos e metáforas, assentadas na literatura e iconografia cristãs, então ressignificados nas interfaces das relações entre religião e política, foram apropriados e empregados por alguns dos principais jornais ultramontanos editados no Brasil da segunda metade do século XIX. Desta dinâmica que extrapola o contexto do país, articulando o catolicismo católico em escala transnacional, a constituição de uma rede “semântica do mal”. Para a análise das fontes eleitas, optou-se pela adoção do instrumental metodológico da História dos Conceitos, de matriz alemã, cujo principal representante é o historiador Reinhart Koselleck. A partir desta referência, a pesquisa orienta-se pela tentativa de reconstituição de uma semântica histórica do “mal”, veiculada pelos jornais ultramontanos editados no Brasil, durante o período recortado, a qual funcionou como instrumento de articulação e diferenciação deste país ao mundo católico da época.