A construção discursiva dos conceitos de magia, feitiçaria e curandeirismo: uma análise a partir da imprensa ultramontana publicada no Brasil durante a segunda metade do século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Frascati, Giovanna
Orientador(a): Silva, Ana Rosa Cloclet da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16917
Resumo: No Brasil, a segunda metade do século XIX configura um momento crucial no processo de secularização. Dentre as transformações e mudanças que se revelam importantes para o tema abordado por esta dissertação, temos o fato de que, naquele momento, o país adentrava o processo de transição do governo imperial para o regime republicano, inaugurado em novembro de 1889. Houve, também, a transição do trabalho escravo para o trabalho livre, com a abolição da escravatura um ano antes; a liberdade de cultos e a separação institucional entre Igreja e Estado – como fim do padroado – decretadas em 7 de janeiro de 1890; dentre outras transformações que reconfiguravam os laços entre o religioso e o secular. Tomando por referência este contexto, o objetivo da presente dissertação é compreender como, na confluência dos discursos religioso, político e científico, a imprensa ultramontana, editada no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX, construiu e significou discursivamente os conceitos de magia, feitiçaria e curandeirismo. Para tanto, cabe frisar que o objeto (o discurso sobre tais práticas religiosas) se define a partir do contexto, mas, ao mesmo tempo, estrutura-o. Ou seja, a relação entre objeto e contexto será aqui tomada como uma viade mão dupla, reveladora do modo como, no advento das novidades inauguradas no Brasil entre finais do século XIX e primeiras décadas do século XX, o religioso e o secular se modelaram reciprocamente. Através da imprensa periódica católica, foi assim criada uma rede semântica que evidenciava a relação entre o religioso e o secular na sociedade brasileira da época. Assim, surge um vocabulário sobre as práticas culturais e religiosas de matriz africana, que foi modelado na confluência destas três modalidades de discursos – o religioso, o político e o científico –, que são vetores de tensão, em cujas interfaces definiram-se os significados imputados aos conceitos selecionados pela pesquisa. Desse modo, é analisada a construção destes conceitos a partir da fonte primária, o jornal O Apóstolo, doravante o instrumental metodológico da História dos Conceitos, de Reinhart Koselleck.