Fides Ratio Auctoritas: o esforço dialético no "Monologion" de Anselmo de Aosta : as relações entre fé, razão e autoridade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Vasconcellos, Manoel Luís Cardoso
Orientador(a): De Boni, Luis Alberto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Porto Alegre
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10923/3538
Resumo: Qual a legitimidade da dialética para tratar questões ligadas à fé? Esta pergunta traduz a grande inquietação intelectual presente no século XI, dando origem a uma interessante discussão em torno do estatuto da lógica. O grande e crescente interesse da dialética fez com que alguns a vissem como instrumento bastante adequado para o exame de todas as questões, inclusive aquelas mais excelsas, ou seja, as questões sagradas. Outros autores, contudo, embora reconhecendo o valor da disciplina, observavam com certa desconfiança sua aplicação à matéria sacra. Lanfranco, Berengário e Pedro Damião são protagonistas de um rico debate que é prenúncio de um novo rumo no modo de compreender as relações entre fé, razão e autoridade. É, precisamente neste contexto de debate sobre o estatuto da dialética, que se faz presente a reflexão de Anselmo de Aosta. Em seu primeiro tratado sistemático, o Monologion, o autor busca, apoiado apenas pela razão, isto é, prescindindo do recurso à autoridade das Sagradas Escrituras e dos Padres, tratar da essência divina e de outras questões conexas. Ora, uma obra que trata de tal tema, fazendo uso exclusivo da dialética, do encadeamento das razões necessárias é, sem dúvida, elucidativa da posição de seu autor, referente ao debate então instaurado em relação à pertinência do uso da dialética. Nesta obra é possível perceber o modo harmônico, estabelecido por Anselmo, para conciliar a fé, a razão e a autoridade. Fruto da meditação e do diálogo, o Monologion, especialmente por seu método sola ratione, consiste numa madura resposta de seu autor à questão fundamental de seu tempo. O recurso à dialética consiste num esforço, exigindo um adequado preparo, o qual, uma vez atingido, permite harmonizar o encadeamento das razões necessárias com a fé e a autoridade. Sem negar a tradição dos Padres, de modo especial a autoridade de Agostinho, Anselmo fornece uma resposta que não hesitamos em qualificar como sendo filosófica. É o que procuramos mostrar em nosso estudo.