Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Alves, Carlos Eduardo Cavalcanti |
Orientador(a): |
Gonçalves, Paulo Sérgio Lopes |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
PUC-Campinas
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/14852
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Resumo: |
A presente dissertação tem por objetivo analisar a relação fé e existência na obra Temor e tremor, do pensador dinamarquês Søren Aabye Kierkegaard, presente na seção Problemata. Escrita sob o pseudônimo Johannes de Silentio, é um elogio à fé do patriarca bíblico Abraão, especialmente a apresentada na narração das Escrituras sobre a prova à qual Deus submeteu-o: o pedido de que sacrificasse o filho Isaac. Para tanto, foi realizada primeiramente a contextualização do pensamento do autor em Temor e tremor. A identificação de acontecimentos relevantes em sua biografia e do resumo de sua obra literária evidenciou que Kierkegaard denominou-se um autor religioso, cuja reflexão visava à compreensão da existência e do ser cristão. A Igreja Luterana estatal e o movimento pietista luterano formaram o ambiente cultural-religioso em que o autor dinamarquês fora criado, os quais tanto influenciaram seu pensamento, quanto compuseram o pano de fundo de suas reflexões na obra pesquisada. A teologia, a filosofia, a prática eclesiástica e o cristianismo de sua época foram alvo de suas críticas. Em Temor e tremor, estas foram elaboradas por argumentos referidos às concepções teológico-filosóficas do luteranismopietismo, de Kant, da teologia liberal e do romantismo de Schleiermacher, Hamann e, especialmente, de Hegel. A Problemata, parte central da obra e da argumentação de Kierkegaard, é composta por três capítulos, que apresentam os problemas éticos derivados da disposição de Abraão em sacrificar Isaac, intitulados: “Haverá uma suspensão teleológica do ético?”, “Haverá um dever absoluto para com Deus?” e “Terá sido eticamente defensável da parte de Abraão ter mantido silêncio sobre o seu propósito perante Sara, Elieser e Isaac?”. A interpretação do texto permitiu a conclusão de que, em Temor e tremor, a razão é incapaz de explicar Abraão, pois a ética não pode justificar sua atitude. A fé é a categoria pela qual se pode compreender o patriarca, paradoxalmente relacionada à existência e que ocorre como paixão, em função do absurdo; parte da resignação diante do infinito em um duplo movimento, que volta ao finito para receber Isaac de volta. A Problemata apresenta também outras categorias, associadas à fé de Abraão, dentre as quais foram identificadas e analisadas ética, angústia, provação, repetição, individualidade e subjetividade. A presença dessas categorias na existência do patriarca demonstrou uma fé que ocorre como interioridade e não está limitada à ética. Para a obtenção de uma maior amplitude na análise da fé e das demais categorias, estas foram correlacionadas com outras duas produções literárias de Kierkegaard, nas quais estão presentes em diferentes níveis conceituais, a saber, A repetição e O conceito de angústia. Em decorrência, a fé de Abraão mostrou-se como instância suprarracional do pensamento e experiência religiosa, sob a perspectiva fenomenológica, de abertura à transcendência e crença na providência divina, em busca da superação das limitações da existência. Ademais, a fé apresentada em Temor e tremor sugere desdobramentos quanto à manifestação religiosa individual na atualidade, uma “fé não religiosa” desvinculada dos dogmas religiosos e da autoridade eclesiástica institucional, e vivida na interioridade como relação existencial com Deus. |