Olhares sobre a vivência de formação clínica durante a graduação em psicologia: um estudo fenomenológico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Furigo, Regina Célia Paganini Lourenço
Orientador(a): Cury, Vera Engler
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/15873
Resumo: O objetivo deste trabalho foi o de investigar a vivência de formação clínica de graduandos e supervisora, de última série de um curso de graduação. Como porta de acesso, optouse pela coleta de depoimentos escritos, logo após três reuniões, cujas temáticas foram previamente pensadas pela pesquisadora e apresentadas ao grupo como questões disparadoras. As reuniões foram consecutivas e visaram o aprofundamento do tema enfocado.Ocorreram durante o mês de novembro de 2001, tendo a duração de aproximadamente uma hora e trinta minutos cada. Os temas escolhidos nasceram da convivência estreita com estagiários, da compreensão empática entre supervisora e supervisionando, mas, principalmente, pela identificação do momento de crise, no qual se inseria o curso e da necessidade dos alunos expressarem suas vivências, podendo colaborar para a melhoria futura do curso, a partir de uma compreensão renovada do mesmo. Realizaram-se então, três reuniões com cada um dos três grupos envolvidos, por ser este o número de classes sob a responsabilidade da supervisora-pesquisadora e todos os alunos decidiram-se por participar. Cada turma tinha aproximadamente quinze alunos, num total de quarenta e cinco participantes e cento e quinze depoimentos coletados. Os encontros foram realizados nas dependências da Universidade, onde os alunos concluíam a graduação em Psicologia. Optou-se por alunos quintanistas por considerar-se que os mesmos, ao estarem concluindo a graduação, teriam condições de avaliar o contexto pesquisado com maior abrangência, por já terem vivido na totalidade as experiências acadêmicas na área clínica. Os dados coletados através de depoimentos escritos imediatamente após o término das reuniões, por supervisionandos e supervisora, possibilitaram a apreensão do sentido das vivências, analisadas segundo pressupostos da pesquisa qualitativa exploratória de orientação fenomenológica. Os resultados apontaram que existem grandes temas perpassando a formação clínica dos alunos de um curso de graduação em Psicologia. Do mesmo modo que tecem severas críticas à agencia formadora, sentem-se gratificados e confiantes na experiência que tiveram. Viveram momentos de angustia e apreensão, ao iniciarem os seus atendimentos clínicos, pela dificuldade em articular ciência e prática. Tiveram dificuldade também em lidar com a Clínica-Escola enquanto Instituição, por entenderem-na arbitrária, funcionando em um esquema que mais privilegia a vida acadêmica do que a préprofissionalizacão do aluno para um mercado de trabalho competitivo e exigente. Percebeu-se que em um ano tão exigente, como é o último ano da graduação, o aluno precisa de estruturas institucionais que o apóiem, por tratar-se justamente de uma Clínica-Escola, para que possam sentir-se um pouco mais amparados e assim compensar sua insegurança e ansiedade. Facilidades vividas foram apontadas em relação ao manejo de algumas situações terapêuticas, decorrência direta das supervisões. A grande habilidade sentida foi com a capacidade para formação de vínculos. Foram freqüentes os relatos de situações de empatia e aceitação em relação ao mundo do cliente, embora também tenham sido expressas dificuldades decorrentes de uma incompreensão do referencial subjetivo de clientes, levando o terapeuta iniciante a um confronto entre o seu referencial individual e o do cliente. Os grandes momentos vividos ao longo da graduação localizam-se na possibilidade de participação em grupos de supervisão envolvendo trocas de experiências e compartilhamento de aspectos de vida pessoal e acadêmica com os parceiros de grupo e supervisor. A experiência mais significativa parece ter ocorrido diante da possibilidade de atuação como psicólogos clínicos.