Entre Mar e Mata : subsídios para uma leitura da paisagem cultural insular de Ilhabela

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Mauri, Bianca
Orientador(a): Ferreira, Jane Victal
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/17582
Resumo: A pesquisa partiu de duas indagações principais: a possibilidade de inclusão dos apontamentos sobre a fenomenologia da vida, desenvolvida por Michel Henry, no debate sobre a fenomenologia do lugar; e a ênfase na relação entre a paisagem cultural insular e o habitante local na formação do sentido de lugar. Esta relação busca identificar possíveis subsídios metodológicos que possam contribuir para a análise e futuras proposições centradas no território de Ilhabela, no litoral do estado de São Paulo. Henry desenvolveu uma abordagem filosófica que reconhece a importância da vida afetiva e da subjetividade. Para o autor, a vida é uma realidade autorreveladora, que só pode ser compreendida em termos de experiência vivida e por meio da afetividade (Henry, 2005). Afetividade, a qual é reconhecida no paralelo realizado entre os estudos do filósofo e de Carl Gustav Jung; a contribuição da experiência arquetípica é reforçada na análise da vivência e histórico de Ilhabela. Com base na experiência vivida, a tese aponta a importância das feições do lugar – sobretudo relativas à condição de ilha – na formação da identidade e da memória de seus habitantes. Destacam-se as ameaças e a necessidade de preservar a relação tênue entre homem e lugar dentro de um cenário de desenvolvimento urbano e econômico. Assim, coloca-se a hipótese de que a experiência é uma condição primordial para a formação e preservação da paisagem e seus habitantes, como sendo estes os autênticos formadores, detentores e guardiões dessa cultura. Pretende-se enfatizar o caso de Ilhabela, tendo como fundamento a Teoria da Paisagem Cultural desenvolvida pelo Departamento de Ordenação do Território da Universidade Politécnica da Catalunha. Para isso, utiliza-se como exemplo de preservação da paisagem cultural insular a experiência ocorrida em Lanzarote, no norte das ilhas Canárias, visando entender os valores que forneceram as bases deste planejamento. A pesquisa, de natureza qualitativa, enfoca o sujeito, considerando os aspectos subjetivos da experiência e as diversas consequências resultantes de apropriações territoriais com lógicas divergentes. Como reflexão teórico-crítica, por exemplo, destacam-se as ações de agentes do mercado imobiliário que promovem o fechamento das praias prejudicando a fruição da condição original da paisagem e induzindo a população de baixa renda a moradias precárias. Conclui-se que a supressão da visualidade e do acesso direto ao mar e à paisagem original promovem a desconstrução da identidade e da autoestima da população autóctone, além de induzir a desintegração da coesão social; sendo que compreender um desenvolvimento sustentável pressupõe a preservação dos laços entre homem e paisagem cultural, enfatizando a experiência local e os símbolos de seus habitantes. Portanto, a pesquisa enfatiza a possibilidade de refletir, no âmbito da arquitetura e da ordenação do território, sobre a importância de preservar a paisagem para que o espaço não se torne esvaziado de sentido e permaneça vulnerável às ações predatórias no ambiente.