Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Martinati, Adriana Zampieri |
Orientador(a): |
Rocha, Maria Silvia Pinto de Moura Librandi da |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
PUC-Campinas
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/15493
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Resumo: |
A transição da Educação Infantil (EI) para o Ensino Fundamental (EF) foi o tema deste trabalho, que apresentou como principal objetivo analisar essa passagem na perspectiva de seus protagonistas, as crianças e os professores. A Lei n° 11.274/06 ampliou a duração do EF para 9 anos com ingresso da criança aos seis anos de idade e os documentos oficiais prescrevem que a transição da EI para o EF não ocorra de maneira abrupta, pois é um momento potencial de rupturas e crises que incidem sobre o desenvolvimento biopsicológico da criança, devendo ser vivenciada de maneira mais produtiva possível. Assim, o problema da presente pesquisa foi formulado da seguinte maneira: Como se tem constituído o processo de transição escolar da EI para o EF de nove anos em instituições de ambos segmentos? . Os objetivos específicos foram: (i) analisar as interpretações das crianças sobre suas experiências na EI e no EF, (ii) identificar as ações das professoras relativas à passagem da EI para o EF e (iii) identificar as concepções das professoras sobre a obrigatoriedade do ingresso da criança de seis anos no EF. O método, de natureza qualitativa, foi constituído no processo de transição escolar, ocorrida em dois momentos: Fase I, realizada com um grupo de 10 crianças de 5 e 6 anos de idade de uma Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI); Fase II, feita com 4 crianças do grupo da EI, mas, agora, ingressantes do 1º ano do EF de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF), com idades entre 6 e 7 anos. Os instrumentos de pesquisa foram: (i) análise documental (projetos pedagógicos da EMEI e da EMEF), (ii) questionário com os pais, (iii), observação participante, (iv) entrevista semiestruturada com as professoras da EMEI e da EMEF, (v) entrevista com as crianças (reflexiva e narrativa) e (vi) produção de desenhos. O material empírico foi videogravado e houve o registro em diário de campo e também de desenhos produzidos pelas crianças. Os resultados da pesquisa indicaram ausências de referências recíprocas sobre a transição escolar em ambas as instituições de ensino, inexistentes nos projetos pedagógicos e no cotidiano escolar. Não há um trabalho sistemático sobre a vida futura das crianças na EMEI; menções quanto ao seu ingresso em EMEFs são feitas apenas quando elas manifestam curiosidade sobre a nova escola. As crianças sabem que a nova escola será diferente e querem mudar, muito provavelmente porque a escola de ensino fundamental é socialmente valorizada. Também na EMEF, há poucas referências à vida pregressa das crianças, pois é como se nascesse uma nova criança, que tem que se ajustar à nova realidade por meio do silêncio e do controle corporal. Nesse cenário, tolhe-se o brincar, que dentro da Teoria Histórico-Cultural, é a principal atividade da criança. Em função da ruptura, da desarticulação e descontinuidade do trabalho pedagógico, algumas crianças sinalizaram sofrimento no processo de adaptação e outras, subvertendo a ordem estabelecida, realizaram frequentes microepisódios lúdicos em sala de aula, de certo modo, atenuando a perda do brincar. As crianças da EI e do EF atribuem grande importância ao brincar e um trabalho sistemático sobre a transição escolar traria contribuições relevantes, sobretudo no EF, onde há o esmaecimento da atividade lúdica. Portanto, urge a necessidade de ações articuladoras entre a EI e o EF e o investimento na formação inicial e continuada de docentes, principalmente no que diz respeito à atividade lúdica à luz da Teoria Histórico-Cultural, sobretudo, quando se considera esta atividade como instrumento do desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Os problemas evidenciados sobre a implantação do novo EF são também consequência da forma pela qual o poder público prescreve, como em leis e normas, mas não provê, indicando a necessidade de debates sobre qual é, de fato, nosso projeto para a educação da infância. |