Vivências de trabalhadores da saúde frente à lógica capitalista: um estudo da atenção básica na Colômbia e no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Pinzón, Heidy Johanna Garrido
Orientador(a): Bernardo, Márcia Hespanhol
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
SUS
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/15596
Resumo: A presente pesquisa visa a analisar as vivências de trabalhadores dos Sistemas Públicos de Saúde da Colômbia e do Brasil, tendo-se em vista que esses dois casos ganham interesse de estudo por exemplificarem sistemas de saúde cujo surgimento se dá a partir de diretrizes opostas. Por um lado, tem-se a Colômbia que, dentre os países latino-americanos a sofrer a intensa crise econômica da década de 1980, foi aquele que incorporou de maneira mais rigorosa e sistemática os critérios centrais do modelo hegemônico das reformas sanitárias estabelecidos pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional. Por outro, observa-se a situação do Brasil, que também experimentou a crise econômica, onde foi possível a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), produto das exigências dos movimentos populares os quais conseguiram estabelecer a saúde como um direito de todos os cidadãos, legitimando-se na Constituição Federal de 1988. Toma-se em consideração, então, como nasce o SUS, num cenário neoliberal em meio da crise econômica de 1980, em oposição a tendências imperialistas que se caracterizavam pela busca de novos mercados no setor saúde, enquanto a Colômbia se subjugou totalmente a elas. Levando em conta esse contexto, o estudo aqui apresentado teve como objetivo compreender as vivências de trabalhadores da Atenção Básica dos Sistemas Públicos de Saúde da Colômbia e do Brasil, frente à lógica capitalista. Baseada no enfoque da Psicologia Social do Trabalho, esta pesquisa é de natureza qualitativa e de tipo empírico. Desenvolveu-se mediante a realização de entrevistas reflexivas em profundidade, com dois grupos de trabalhadores da Atenção Básica de nível assistencial e administrativo: um em Bucaramanga, Colômbia e, outro, em Campinas, Brasil. Para o processo de análise, elegeu-se utilizar a Análise de Conteúdo, a qual é compreendida como um conjunto de técnicas de pesquisa cujo objetivo é a busca do sentido ou dos sentidos manifestos nas mais diversas formas de comunicação. O percurso desta pesquisa revelou que, em ambos os países, as principais vivências dos profissionais da saúde, determinadas pela lógica neoliberal, estão relacionadas com as transformações introduzidas nas condições, relações e organização do trabalho. No contexto colombiano estudado, identificamos a origem das problemáticas centrais apresentadas pelos entrevistados no processo de transição induzido pela reforma que constituiu seu atual sistema de saúde. Essas problemáticas se traduzem, essencialmente, na deterioração das relações com os usuários, bem como na configuração das equipes de trabalho, marcadas pelo contraste entre pessoas com diferentes vínculos empregatícios. Esta última condição, empecilho para a coesão dos grupos de trabalho, também é observada no contexto brasileiro pesquisado, como produto da terceirização, que parece ter se tornado um efetivo mecanismo para enfraquecer o SUS, facilitar seu desmonte e colocá-lo no mesmo caminho atualmente percorrido pelo sistema de saúde colombiano. Por fim, expõe-se como, nos dois cenários estudados, tal panorama de precariedade do trabalho, permeado pela instabilidade, intensificação e sobrecarga laboral, pela redução de salários, dentre outros fatores, tem ocasionado graves consequências para a vida e a saúde dos trabalhadores, que se refletem na degradação de sua saúde física e mental, na falta de reconhecimento social, na deterioração da ética e da moral e nas restrições para a construção de um projeto de vida.