Acolhimento como prática psicológica no contexto de um centro de atenção psicossocial em álcool e drogas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Zini, Renato Luis
Orientador(a): Cury, Vera Engler
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: PUC-Campinas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/15642
Resumo: A pesquisa objetivou apreender fenomenologicamente a experiência de pessoas atendidas em um Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas, situado em um município do interior do estado de São Paulo, a partir da prática de acolhimento efetivada por um psicólogo. Esta prática tem sido considerada como um dos dispositivos facilitadores para a consolidação do Programa Nacional de Humanização em Saúde, implementado a partir de 2004 pelo Ministério da Saúde. Embora o ato do acolhimento seja preconizado como interdisciplinar e inserido na rotina de todos os profissionais e serviços de saúde pública brasileiros, procurou-se analisá-lo sob a perspectiva da prática de um psicólogo de orientação humanista. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de inspiração fenomenológica e o contexto escolhido para os encontros do pesquisador com os participantes foi o atendimento rotineiro de plantão. Foram entrevistadas trinta e seis pessoas adultas de ambos os sexos que compareceram ao serviço pela primeira vez ou retornaram ao tratamento após um período de abandono, entre os meses de setembro de 2011 e agosto de 2012. Destas, foram selecionadas quinze para participarem da pesquisa. Como estratégia para a análise dos encontros com os participantes foram construídas narrativas que possibilitaram ao pesquisador uma aproximação com elementos da experiência dessas pessoas a partir de suas próprias impressões ao estar com elas numa relação dialógica. Os resultados evidenciaram elementos significativos que emergiram dos atendimentos: 1) autoimagem: os participantes referem-se a si mesmos como pessoas capazes de empreender mudanças na forma de viver em direção à saúde física e psicológica; sentemse esperançosos em relação à possibilidade de recuperação a partir da adesão ao tratamento; 2) relação com o corpo: revelou-se a experiência de uma cisão entre o corpo físico e sua simbolização, levando-os a negligenciarem as informações que lhes eram transmitidas pelos técnicos do serviço quanto a serem portadores de moléstias físicas graves e outros agravos à saúde; 3) percepção de si: preservam a condição de narrarem sua própria história de vida, relacionando fatos e eventos relevantes que os impeliram a estar na condição atual; 4) relações afetivas: o início do uso de substâncias químicas está associado a pessoas afetivamente relevantes; da mesma forma em relação à decisão de procurar por ajuda para livrar-se da dependência; 5) sofrimento face a maneira como se está vivendo como elemento desencadeador da busca por ajuda profissional; 6) relação com o consumo de drogas: independente da(s) substância(s) usada(s), o consumo era referido pelos participantes na maioria das vezes como algo que já haviam deixado, assim que tomaram a iniciativa de procurar pelo CAPS. Os participantes sentiram-se acolhidos durante os atendimentos em função da postura empática e aceitadora do psicólogo. Os atendimentos realizados assemelham-se ao plantão psicológico como prática de intervenção clínica em instituições quanto às atitudes do plantonista e a sua forma de acolher a demanda do cliente. Foi possível constatar a importância de uma relação dialógica para o desencadear de um processo experiencial que disponibiliza ao cliente um resgate de sua subjetividade.