Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Ribeiro, Leticia Jóia |
Orientador(a): |
Granato, Tania Mara Marques |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/17041
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Resumo: |
Esta tese teve como objetivo compreender a experiência de maternagem de mulheres-mães lésbicas. Debruçar-se diante desta problemática, a partir de uma perspectiva decolonialista e interseccional em articulação com concepções winnicottianas sobre o cuidado permitiu um olhar ético para a experiência materna de mulheres lésbicas. Para tanto, foi conduzido um estudo qualitativo psicanalítico winnicottianamente orientado, que se organizou em torno de cinco encontros com cada um dos quatro casais de mulheres-mães lésbicas cujos filhos tinham entre cinco meses e 11 anos de idade. Tais encontros se configuraram como Entrevistas Transicionais durante as quais foram usadas Narrativas Interativas (NI). A NI é uma história ficcional produzida pela pesquisadora, na interlocução com seu grupo de pesquisa, como um rabisco inicial que coloca em marcha uma narração a dois. A história se interrompe e o participante é convidado a dar um desfecho para aquela trama. Após cada um dos encontros, foi elaborado o Registro Associativo Inicial (RAI) com a intenção de capturar as primeiras impressões do pesquisador para futura triangulação com seu grupo de pesquisa. Desse processo resultou uma Narrativa Transferencial (NT) para cada um dos encontros como primeira etapa de análise interpretativa do material de pesquisa. O material reunido pelas NI, RAI e NT foram objeto de análise psicanalítica, cujo resultado foi comunicado por meio de Narrativas Psicanalíticas (NP). Como síntese interpretativa, a NP é escrita de forma associativa e visa articular a experiência narrada pelo participante, a experiência vivida pelo pesquisador no encontro e as construções teóricas que iluminam a dramática que é foco do estudo. Foi possível observar nas histórias de vida compartilhadas pelas participantes que a família constituída por casal de mulheres-mães lésbicas desperta reações de estranhamento, hostilidade e preconceito; apresentam capacidade de bem atender às necessidades dos filhos e são capaz de criar novas formas de bem cuidar, dissociando-as do gênero daquelas que assumem a parentalidade e a de que seus filhos devem ser preparados para enfrentar a intolerância social em relação à diversidade. O quadro geral aponta que os casais de mulheres mães lésbicas se apresentam lúcidos, conscientes e capazes de assumir posturas de enfrentamento e combatividade diante das violências próprias da sociedade cisheteropatriarcal, enquanto ambiente estruturalmente intrusivo e opressor que desfere ataques que visam desumanizar/despersonalizar aqueles que não se submetem às definições socialmente predominantes quanto aos papéis de gênero. Esse posicionamento explica sua preocupação em prover uma educação que favoreça que seus filhos se tornem capazes de encarar e se defender da violência social. O compartilhamento do cuidado se mostrou um desafio aos casais de lésbicas, que são invadidas durante seu cuidar pelo modelo parental heterossexual e sua divisão de funções conforme o gênero do cuidador. Em contrapartida, há claros indícios que esse desafio cria condições propícias de recriação de papéis de gênero, do conceito de família e das próprias práticas parentais. Conclui-se que a experiência de parentalidade das mulheres-mães, que participaram desta pesquisa, converte-se em importante referência para a reflexão crítica sobre os modelos cisheteropatriarcais que norteiam as diversas formas de cuidado e o contexto relacional em que ocorrem. |