Liderança LGBTQIA+: carreira e atuação de líderes gays e lésbicas nas organizações

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Carvalhal, Felipe Teixeira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-21092023-151108/
Resumo: A diversidade e sua pluralidade são temas amplamente discutidos na sociedade e nas organizações. A liderança também é destaque nesses espaços, extensivamente pesquisado nos estudos organizacionais, porém carece de novas interpretações e abordagens. Este estudo teve como objetivo compreender como líderes gays e lésbicas construíram suas carreiras e lideranças no contexto organizacional, considerando as dimensões de gênero e sexualidade em suas experiências, a fim de entender as dinâmicas e desafios implicados no desenvolvimento de lideranças LGBTQIA+ e sua relação com as organizações. Foram realizadas vinte entrevistas em profundidade, quinze com líderes gays e cinco com líderes lésbicas, utilizando a estratégia de história de vida e a análise narrativa para interpretar os relatos coletados. Em sua maioria homens brancos cisgêneros, graduados, entre trinta e quarenta anos, vivendo em cidades de grande porte. A história de vida dessas lideranças é marcada pela valorização que a família dava à educação, colocando esse aspecto como prioritário na formação de seus filhos e filhas, independentemente da condição socioeconômica. O processo de assunção da sexualidade desses indivíduos, que começa na infância e se estende até a fase adulta, sofre regulação da religião. Essas pessoas tiveram conflitos internos entre o que essa instituição pregava e o que elas sentiam em relação a si mesmas. Destaca-se os embates com a família e a falta de apoio para lidar com essas questões. Em relação à carreira, muitas dessas lideranças iniciaram sua vida profissional ainda adolescentes. A maioria seguiu pelas áreas de gestão e educação e trabalha como líderes de área/equipe até superintendência e diretoria. Elas atuam em contextos organizacionais diversos, cujas políticas e práticas de diversidade, equidade e inclusão, em geral, não são estruturadas e acontecem pela iniciativa das lideranças entrevistadas. Startups e ONGs apresentam maiores preocupações com o tema e possuem uma equipe mais diversa em comparação com organizações mais tradicionais. Essa diversidade reflete em relações harmoniosas e de parceria entre essas lideranças e as pessoas hierarquicamente superiores, pares e equipe. Para algumas pessoas entrevistadas, ser gay ou lésbica é parte de sua identidade, destacado no ambiente profissional e influencia suas práticas e comportamentos, enquanto que para outras é apenas um aspecto de sua vida e não há razão para ser evidenciado no contexto de trabalho. Relataram que vivenciaram ou presenciaram situações de preconceito e discriminação em sua vida profissional por conta deste aspecto. Destacam que, quando possível, é papel dessa liderança trabalhar para aumentar a diversidade e consciência desses temas em suas organizações, bem como ser exemplo para outras pessoas de grupos minorizados acreditarem que a liderança é um espaço para todas as pessoas. Percebeu-se que as mulheres e os homens que se afastam da masculinidade esperada para o seu gênero dedicam-se mais a essas questões, promovendo mudanças em seus ambientes. Por fim, essas lideranças enfatizaram a importância de tratar questões como paridade de gênero, inclusão de pessoas negras e a criação de um ambiente seguro para que pessoas LGBTQIA+ possam se expressar livremente, como premissas básicas de diversidade, equidade e inclusão.