Uso de cavidades das araras-azuis (Anodorhynchus hyacinthinus) pela fauna no Pantanal e sua importância para a biodiversidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: FONTOURA, Fernanda Mussi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.pgsscogna.com.br//handle/123456789/67549
Resumo: A disponibilidade de cavidades arbóreas pode ser considerada um fator limitante para muitas espécies da fauna que dependem desses locais para reprodução. Poucas espécies como a arara azul (Anodorhynchus hyacinthinus) tem a capacidade de aumentar uma pequena cavidade, pois é uma escavadora secundária e por isso, considerada engenheira ambiental possibilitando o uso diverso de tais cavidades por outras espécies, dando origem a uma “teia de uso de cavidades”. A perda de habitat e alteração dos ambientes naturais afetam direta e indiretamente essas comunidades, podendo até resultar em seu declínio e na perda de serviços ecossistêmicos locais. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a relação de ocupação das cavidades utilizadas por A. hyacinthinus por outras espécies e a relevância para a conservação da biodiversidade. As coletas de campo foram realizadas na região do Pantanal de Miranda, Mato Grosso do Sul. Ao longo de dez anos, foi realizado 9109 monitoramentos em 150 cavidades cadastradas pelo Projeto Arara Azul. O número total de ninhos monitorados por ano variou entre 97 e 112 ninhos, com uma média de 105,2/ano. Do total de ninhos, 30% (n=45) foram cadastrados durante o período de estudo, em média 4,5 ninhos novos por ano. Durante o período de estudo foram manejados, reinstalados ou trocados um total de 91 ninhos artificiais. A média de ninhos perdidos foi de 3%/ano, com um total de 28% de ninhos em 10 anos, onde a perda de cavidades naturais foi maior do que os artificiais. Quanto ao incremento de ninhos, apesar de não haver diferença significativa entre o número de naturais e artificiais no período amostrado, o aporte de ninhos artificiais foi de extrema importância para aumentar o número de cavidades disponíveis no ambiente. Foram registradas 42 espécies de aves, mamíferos ou insetos coloniais utilizando as cavidades para diferentes propósitos, onde 29 espécies foram vistas em ninhos naturais e 32 espécies em ninhos artificiais. As mais representadas foram A. hyacinthinus, Cairina moschata, Falco rufigularis e diferentes espécies da ordem Chiroptera. A maioria das espécies usaram as cavidades para reprodução, mas também ocuparam como abrigo, para forrageiro ou apenas exploração. Observou-se a ocupação da mesma cavidade por mais de uma espécie, sequencialmente e/ou simultaneamente. O alto número de espécies ocupando cavidades para diversos fins e a frequência de uso, reforçam a importância deste recurso para a 13 manutenção da fauna e dos processos ecológicos em que estão envolvidas. Destaca-se também a relevância do manejo e instalação de ninhos ano a ano, necessário para perpetuar os locais reprodutivos para as araras e para aquelas espécies que retornam periodicamente aos mesmos ninhos. A pesquisa desenvolvida segue a linha de Sociedade, Ambiente e Desenvolvimento Regional Sustentável e contempla o ODS-15.