Biologia reprodutiva da arara azul (Anodorhynchus hyacinthinus) no Pantanal - MS, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1993
Autor(a) principal: Guedes, Neiva Maria Robaldo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11142/tde-20220208-011024/
Resumo: É impossível saber qual o tamanho e distribuição original da população de Anodorhynchus hyacinthinus, mas sabe-se que era uma espécie abundante no início do século. Hoje encontra-se ameaçada de extinção em toda a sua área de ocorrência e as últimas estimativas relatam a existência de aproximadamente 3.000 indivíduos na natureza. Este trabalho foi realizado de janeiro de 1991 a março de 1993, em 11 fazendas com cerca de 250.000 ha no Pantanal da Nhecolândia. Os principais objetivos foram: (1) localizar e caracterizar ninhos de arara-azul, (2) estudar alguns aspectos da biologia reprodutiva, (3) determinar os requerimentos de habitat e (4) procurar alternativas de manejo para conservação da espécie. Dos 94 ninhos localizados, 95% foram encontrados numa única espécie arbórea, o manduvi (Sterculia atriata), espécie de cerne macio e susceptível a formação de ocos. As araras-azuis não pareceram selecionar ninhos com características padronizadas, como forma e tamanho das cavidades, mas mostraram preferência por locais com vegetação menos densa, mais acessíveis e bordas de cordilheiras ou capões. Na natureza, a arara-azul faz postura assincrônica de 1 a 3 ovos, em média 2. A incubação dos ovos é feita pela fêmea, que permanece no ninho a maior parte do tempo, sendo alimentada pelo macho. O período de incubação varia de 28 a 30 dias e a taxa de eclosão é de 90%. Os filhotes nascem em média com 31,6 g, e 82,7 mm de comprimento, mas crescem e ganham peso rapidamente. Permanecem no ninho aproximadamente 107 dias e quando vôam ainda são alimentados pelos pais. Há uma predação de 40% dos ovos, mas a taxa de sobrevivência dos filhotes varia de 75 a 83%. O sucesso reprodutivo nos dois anos foi de 1,27 filhotes/casal. As araras-azuis mostraram-se uma das aves mais especializadas na alimentação, constituída basicamente de nozes de duas espécies de Palmae: bocaiúva (Acrocomia totai) e acuri (Scheelea phalerata). Na maior parte de ano, a alimentação é sustentada pelo acuri que é altamente energético, abundante (densidade de 183,4 acuri/ha em algumas áreas) e produz frutos o ano inteiro. Os casais de araras-azuis mostraram alta conspicuidade, sedentarismo e certa fidelidade aos sítios de nidificação. Indivíduos não reprodutivos mostraram alto grau de socialização e formação de bandos, tanto nos locais de alimentação como nos dormitórios, que parecem funcionar como verdadeiros "centros de trocas de informações". É baixa a disponibilidade de ocos de tamanho suficiente para caber uma arara e ainda há disputa com outras espécies pelos ninhos existentes. Este fator, aliado a destruição de ninhos potenciais por desmatamentos ou queimadas, pode estar limitando o crescimento da população no Pantanal. Em função disto, são feitas algumas proposições de manejo doe ninhos e outras alternativas que contribuam para a conservação da espécie em seu habitat natural.