Dinâmica do desmatamento e consolidação de propriedades rurais na fronteira de expansão agropecuária no sudeste do Amazonas
Ano de defesa: | 2009 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Ecologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11835 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4537761Y9 |
Resumo: | As fronteiras de expansão do desmatamento na Amazônia são compostas por sub-regiões que apresentam diferentes velocidades de mudança da paisagem. Padrões migratórios se tornam mais complexos com o decorrer do tempo desde a abertura à colonização da Amazônia Brasileira nos anos de 1970, assim como as estratégias dos diferentes atores da população humana sobre o uso e mudança do uso da terra. Este estudo busca entender questões relacionadas às novas fronteiras de desmatamento, principalmente aquelas localizadas em regiões de alta pluviosidade anual. Foi estudada a dinâmica do desmatamento e de consolidação da atividade pecuária nas propriedades rurais no município de Apuí dentro do Projeto de Assentamento Rio Juma (PARJ). Procurou-se relacionar o efeito do isolamento geográfico e do clima de alta pluviosidade quando comparada à pluviosidade no arco do desmatamento , com a intenção de tentar explicar quais os padrões e processos que contribuem para o avanço da pecuária em regiões como essas, mesmo considerando que elas são desvantajosas e apresentam rentabilidades baixíssimas. A análise de unidades familiares considerou a área total acumulada de forma contínua e, através de árvores de regressão, identificou-se um uso e mudança do uso da terra distinto relacionado à área desmatada. O resultado obtido para os diferentes tipos de atores envolvidos nas atividades de desmatamento e de consolidação da infraestrutura pecuária em seus lotes dependeu da cobertura vegetal herdada e do tempo de permanência da unidade familiar, geralmente correlacionada com o capital disponível para investimento. A expansão e consolidação da pecuária não parecem estar ligadas à sua rentabilidade, e sim ao investimento de outras fontes. Essa constatação aponta o caráter especulativo dessa atividade mesmo para pequenos e médios proprietários, e que faltam ainda dados que comprovem de onde vem o capital que é investido na expansão da pecuária. A crescente consolidação da terra em fazendas maiores e mais capitalizadas indica o potencial para altas taxas de desmatamento no futuro. Essas constatações também indicam o deslocamento de um contingente de pequenos agricultores para outras fronteiras e a continuação do desmatamento nessas áreas. Foi verificado que fatores macroeconômicos não afetam ou resultam em respostas atrasadas de desmatamento quando comparados a outros estudos. Além da distância aos mercados, a maior pluviosidade anual parece ter contribuído para taxas iniciais de desmatamento menores que em regiões de menor pluviosidade. O acúmulo de área desmatada nos lotes não tendeu a estabilizar entre 3 e 6 anos conforme outros estudos, e pareceu estar associado à constante mudança de proprietários ocupando os lotes com maior capital para investir em derrubadas. Também a pouca fiscalização ambiental, e principalmente a falta de alternativas produtivas economicamente viáveis além da pecuária extensiva, indicam que mesmo desvantajosa essa última não é inviabilizada. Nessa escala de análise não foi possível concluir quais os fatores e em que proporção eles contribuem para o avanço da pecuária. Contudo, recentemente a maior presença de madeireiras, da atividade de garimpos e a especulação de terra, de comerciantes pecuaristas e de fontes ilícitas parecem ser importantes fontes de capital investido na pecuária, como esse capital não parece ser obtido da rentabilidade dessa atividade. Tampouco, a pecuária demonstrou sofrer efeitos diretos de políticas e indicadores macroeconômicos, como o produto interno bruto ou variação da taxa de câmbio. Por fim, a heterogeneidade das fronteiras de desmatamento, sob efeito de mudanças locais e regionais em sua evolução, indica que padrões e processos são constantemente re-estruturados de acordo com as oportunidades temporais locais. A complexidade de relações entre os atores envolvidos no desmatamento deve ser melhor compreendida e incluída em modelos espaciais de dinâmica do uso da terra que têm o objetivo de prever o curso e as taxas de desmatamento na Amazônia Brasileira. |