Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Ferreira, Maria Julia |
Orientador(a): |
Clement, Charles Roland |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Botânica
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12768
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Resumo: |
Os povos indígenas e tradicionais da Amazônia usam, manejam e domesticam populações de plantas em diferentes paisagens há milhares de anos. Porém, o quanto as paisagens foram transformadas por esses povos e se esta transformação aconteceu mais ao longo dos grandes rios ou igualmente nos interflúvios continuam incertos. No presente trabalho, testou-se a hipótese de que a comunidade de árvores e palmeiras úteis varia em riqueza, abundância e área basal ao redor de manchas de Terra Preta de Índio (TPI, assentamentos pré-colombianos) e habitações atuais, independente da distância do grande rio. Na Floresta Nacional (FLONA) de Humaitá, nas margens do rio Madeira, e na Terra Indígena (TI) Jiahui, a 70 km do Madeira, foram instaladas nove parcelas posicionadas em diferentes distâncias (0 a 4.13 km) de três manchas de TPI, onde foram inventariadas árvores e palmeiras com DAP > 10 cm e avaliadas as intensidades de uso atual. Foram realizadas entrevistas com os moradores locais para identificar espécies e caracterizar seus usos e práticas de manejo, inclusive cultivo, e mapeamentos participativos para descrever a extensão das áreas usadas por cada grupo humano. As parcelas foram categorizadas quanto à intensidade de uso, de acordo com a soma de atividades realizadas no local pelos moradores atuais. Tanto nas parcelas próximas do rio Madeira, quanto em parcelas mais distantes, a riqueza, abundância e área basal das espécies úteis foram altas comparadas com outras áreas da Amazônia. A área florestal usada pelas comunidades da Terra Indígena que habitam o interflúvio foi mais extensa e os moradores reconhecem mais espécies alimentares do que os moradores da FLONA. Nas duas áreas, as plantas usadas para a alimentação apresentaram maior abundância em áreas com muito uso, e as espécies usadas para construções tiveram relação contrária; plantas manejadas e medicinais apresentaram maior riqueza relativa em locais utilizados com mais intensidade pelos moradores, em oposição às espécies construtivas. Este manejo realizado por populações atuais e possivelmente passadas dá-se de forma seletiva considerando a categoria de uso de cada planta e o grupo humano que as utilizam. Os resultados sugerem que áreas de manejo intensivo e as alterações na paisagem decorrentes deste manejo não se limitam às margens dos rios principais, estando mais relacionadas com a distância de TPI e a intensidade de uso atual. A ocorrência de comunidades indígenas entre os grandes rios com extensas áreas de uso e manejo da vegetação permite inferir que um manejo similar ocorria nas proximidades de habitações pré-colombianas existentes, tanto na beira dos grandes rios, quanto nos ambientes interfluviais. |