Dinâmica dos incêndios florestais no estado do Acre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Sonaira Souza da
Orientador(a): Fearnside, Philip Martin
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
Programa de Pós-Graduação: Ciências de Florestas Tropicais - CFT
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/4992
http://lattes.cnpq.br/7877159779121386
Resumo: Nos últimos 40 anos, os incêndios florestais têm ocorrido em intervalo de 4 a 5 anos em diferentes regiões da Amazônia brasileira, causando danos econômicos, ambientais e sociais. Para compreender a dinâmica espaço-temporal dos incêndios florestais no Estado do Acre, foi analisado um período de 33 anos (1984 a 2016) de imagens Landsat (5, 7 e 8) através da aplicação do Índice de Cicatriz de Fogo (Burn Scar Index – BSI) derivado das frações de Material Fotossintético, Não-Fotossintético e Solo, geradas pelo software CLASlite©. Com base neste mapeamento, analisamos os fatores fruto da ação antrópicas e características naturais da paisagem que mais influenciam a ocorrência dos incêndios florestais pelo software Dinamica EGO através do método de pesos de evidência. Para compreender as mudanças na floresta, selecionamos quatro áreas com base no mapeamento dos incêndios de 2005 e 2010 e sua reincidência. Neste inventário florestal medimos o diâmetro a altura do peito de todos os indivíduos vivos e mortos maiores que 10 cm em três parcelas de 100 m × 50 m e todos os colmos vivos de bambu independentes do diâmetro em sub-parcelas de 5 m × 5 m em floresta intacta (testemunha), floresta queimada em 2005, floresta queimada em 2010 e floresta queimada em 2005 e 2010. Foram coletadas informações sobre a altura total, árvores quebradas ou danificadas pelo bambu, presença de cupim e infestação de cipós na copa das árvores. A área total de floresta impactada pelo fogo no período de 33 anos em todo o Estado do Acre foi de 5.251 km 2 . No entanto, deste total houve florestas que foram afetadas pelo fogo somente uma vez (3.883 km 2 ), duas vezes (598 km 2 ) e três vezes (57 km 2 ). Em 2005, os municípios de Acrelândia, Plácido de Castro e Senador Guiomard tiveram mais de 50% do remanescente florestal impactado pelo fogo. Os principais fatores que favoreceram à ocorrência de incêndios florestais foram: a fragmentação, proximidade de florestas às áreas de pastagens e estradas. A maior ocorrência dos incêndios foi atribuída às florestas abertas com bambu e palmeira e florestas aluviais. A degradação florestal ocasionada pelo fogo causou a redução na densidade de árvores, na redução da riqueza de espécies e redução na biomassa seca acima do solo. Entretanto, houve aumento no número de espécies pioneiras. Observou-se um efeito adicional ao impacto do fogo, uma expansão da densidade de colmos de bambu na proporção de 7 a 9 vezes com relação a floresta intacta. A expansão do bambu teve relação linear com a redução do número de árvores, além de aumentar o número de árvores danificadas e quebradas, afetando até 24% do total de árvores. Para as florestas abertas da Amazônia Sul Ocidental é importante considerar a contribuição da biomassa do bambu (gênero Guadua) para estimativa da biomassa total da floresta acima do solo. O bambu aumentou a biomassa total em 3 Mg ha -1 na floresta intacta, 26 Mg ha -1 na floresta queimada em 2005, 23 Mg ha -1 na floresta queimada em 2010 e 26 Mg ha -1 na floresta queimada reincidente, elevando a biomassa em termos percentual de 1% a 38% com relação ao componente arbóreo. Até 2016, a redução da biomassa florestal causou uma emissão comprometida de 38 Tg de CO 2 para o Estado do Acre em uma área de floresta remanescente afetada pelo fogo de 3.800 km 2 . Esta emissão significa um comprometimento de 17% da meta de redução de gases de efeito estufa do Acre até 2020. Este estudo possibilitou compreender a dimensão dos incêndios florestais e os seus impactos nas florestas do Estado do Acre em anos de secas extremas, possibilitando visualizar um futuro cheio de desafios para redução do processo de degradação florestal.